Foto: Arnaldo Carvalho/JC
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Um estudo bancado pelo
Instituto da Cidade do Recife Engenheiro Pelópidas Silveira aponta onde ficam e
quais as características das ilhas de calor da capital pernambucana. A
pesquisa, do órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento
Urbano, mostra que as áreas com maior adensamento populacional e de construção
civil podem ter temperatura média até 7ºC superior a outros bairros da cidade.
O destaque negativo vai para as grandes vias urbanas como a Caxangá,
Mascarenhas de Morais e Imbiribeira.
A pesquisa comparou as informações obtidas junto à estação meteorológica de Pernambuco com as fotografias do satélite Landsat, que fotografa a superfície da Terra desde 1972. Foram escolhidas as imagens de melhor qualidade - já que as fotografias do Recife frequentemente estão cobertas por nuvens. Elas datam de 9 de maio de 1987, 28 de setembro de 1989, 14 de junho de 1991, 8 de maio de 2005, 26 de agosto de 2006, 28 de junho de 2007, 6 de setembro de 2010 e 25 de setembro de 2011. São tanto de períodos secos como de períodos mais chuvosos.
A pesquisa comparou as informações obtidas junto à estação meteorológica de Pernambuco com as fotografias do satélite Landsat, que fotografa a superfície da Terra desde 1972. Foram escolhidas as imagens de melhor qualidade - já que as fotografias do Recife frequentemente estão cobertas por nuvens. Elas datam de 9 de maio de 1987, 28 de setembro de 1989, 14 de junho de 1991, 8 de maio de 2005, 26 de agosto de 2006, 28 de junho de 2007, 6 de setembro de 2010 e 25 de setembro de 2011. São tanto de períodos secos como de períodos mais chuvosos.
A pesquisa traz as mudanças na
cobertura do solo, com o adensamento populacional e a redução nas coberturas
vegetais, mostrando como isso afetou o a temperatura do Recife. A redução da
vegetação causou o aumento da impermeabilização (um dos fatores para o
não-escoamento das águas da chuva) e elevou a temperatura média da capital
pernambucana. O "balanço de energia" (relação entre entrada e retorno
de energia solar) no Recife apresenta clara diferença de décadas atrás para
hoje e ainda entre bairros do Recife.
O levantamento exibe, por exemplo, a grande diminuição na cobertura vegetal da Região Político Administrativa 2 (RPA-2), que engloba os bairros da Encruzilhada, Cajueiro, Arruda, Hipódromo, Água Fria, Dois Unidos e mais 11 bairros. "O período em que a população começa a se adensar naquela região acompanha o período em que a vegetação diminui, caindo também a umidade", informa o mestre em geografia Tiago Henrique de Oliveira, gestor de Análise de Geoprocessamento do Instituto da Cidade do Recife, que coordenou o estudo, sob a orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.
O levantamento exibe, por exemplo, a grande diminuição na cobertura vegetal da Região Político Administrativa 2 (RPA-2), que engloba os bairros da Encruzilhada, Cajueiro, Arruda, Hipódromo, Água Fria, Dois Unidos e mais 11 bairros. "O período em que a população começa a se adensar naquela região acompanha o período em que a vegetação diminui, caindo também a umidade", informa o mestre em geografia Tiago Henrique de Oliveira, gestor de Análise de Geoprocessamento do Instituto da Cidade do Recife, que coordenou o estudo, sob a orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.
Períodos secos
As imagens mostram o alto
adensamento urbano nos bairros da Torre, Madalena, Espinheiro e Boa Viagem. Em
períodos mais secos, como setembro e outubro, a média de temperatura nestes
bairros varia entre 27ºC e 29ºC. "A temperatura é quase sempre superior
aos 28ºC nos bairros mais adensados", afirma Tiago, apontando a diferença
para as áreas vegetadas. O estudo mostra que em "corredores de áreas
verdes", como nos bairros da Guabiraba, na Zona Norte, e Várzea e Dois
Irmãos, na Zona Oeste, a média de temperatura fica entre 20ºC e 21ºC. "A
diferença é de 7ºC a 9ºC, no mesmo dia, comparando as duas áreas", afirma
o pesquisador. A temperatura vai aumentando conforme se afasta das áreas verdes.
Manguezal no Pina. Destaque
para o semicírculo de calor justamente sobre prédios distribuídos em
semicírculo. Os edifícios são mal distribuídos e formam uma barreira que impede
a passagem de vento. Veja também os corredores de vento entre o mar e os trechos
mais avançados da vegetação.
"A energia que chega é convertida em calor quando em contato com concreto, asfalto e alguns tipos de telhado. Mas quando a radiação solar bate na vegetação, parte da energia é convertida em umidade pela vegetação, através da fotossíntese. A liberação de umidade contribui para o conforto térmico na região."
O "conforto térmico" é fundamental para o bem-estar da população. Tiago Henrique lembra casos dos Estados Unidos em que a soma da radiação solar elevada com a elevada temperatura e baixa umidade leva ao aumento na quantidade de pessoas que se dirigem ao hospital. "Acontecem até mortes. Os principais prejudicados são idosos e crianças", afirma. Os efeitos do calor também são sentidos no consumo de energia elétrica, já que em locais mais quentes o uso de ar-condicionados e ventiladores é mais frequente.
A secretária de Sustentabilidade e Meio Ambiente do Recife, Cida Pedrosa, alerta para as consequências na qualidade de vida da população e os efeitos no meio-ambiente. "Somos uma cidade quente, de temperatura elevada, com pouco tempo de inverno. A concentração de calor, neste cenário, prejudica a vegetação, aumenta o uso de ar-condicionado - e o consequente elevamento de carbono lançado na natureza. Estudos gerais também apontam que o calor excessivo prejudica pessoas que sofrem de pressão e outras doenças. São males comprovados do ponto de vista científico", informa. O recife é uma cidade que cresce de forma acelerada, mas também temos que pensar na sustentabilidade para tentar reverter este modelo de cidade já instalado".
Segundo pesquisas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), o calor em excesso causam maior incidência de aceleração no pulso, dores de cabeça, desmaios, náuseas, fraquezas, cãimbras, calafrios, problemas respiratórios e circulatórios.
"A energia que chega é convertida em calor quando em contato com concreto, asfalto e alguns tipos de telhado. Mas quando a radiação solar bate na vegetação, parte da energia é convertida em umidade pela vegetação, através da fotossíntese. A liberação de umidade contribui para o conforto térmico na região."
O "conforto térmico" é fundamental para o bem-estar da população. Tiago Henrique lembra casos dos Estados Unidos em que a soma da radiação solar elevada com a elevada temperatura e baixa umidade leva ao aumento na quantidade de pessoas que se dirigem ao hospital. "Acontecem até mortes. Os principais prejudicados são idosos e crianças", afirma. Os efeitos do calor também são sentidos no consumo de energia elétrica, já que em locais mais quentes o uso de ar-condicionados e ventiladores é mais frequente.
A secretária de Sustentabilidade e Meio Ambiente do Recife, Cida Pedrosa, alerta para as consequências na qualidade de vida da população e os efeitos no meio-ambiente. "Somos uma cidade quente, de temperatura elevada, com pouco tempo de inverno. A concentração de calor, neste cenário, prejudica a vegetação, aumenta o uso de ar-condicionado - e o consequente elevamento de carbono lançado na natureza. Estudos gerais também apontam que o calor excessivo prejudica pessoas que sofrem de pressão e outras doenças. São males comprovados do ponto de vista científico", informa. O recife é uma cidade que cresce de forma acelerada, mas também temos que pensar na sustentabilidade para tentar reverter este modelo de cidade já instalado".
Segundo pesquisas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), o calor em excesso causam maior incidência de aceleração no pulso, dores de cabeça, desmaios, náuseas, fraquezas, cãimbras, calafrios, problemas respiratórios e circulatórios.
Períodos úmidos
Nos períodos mais úmidos,
entre junho e julho, as áreas com maior adensamento populacional fica com
temperatura entre 24ºC e 25ºC, enquanto nas áreas com maior quantidade de
vegetação a temperatura varia entre 19ºC e 22ºC. "Com isso, as áreas
vegetadas refrescam áreas vizinhas a ela, através da evapotranspiração, a
conversão de energia solar em água evaporada, em vez de calor", afirma
Tiago. As chamadas "ilhas de amenidade", o opostos das ilhas de
calor, ficam mais próximas aos rios Capibaribe e Tejipió.
Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
"O problema não são os prédios"
O geógrafo também frisou que o
motivador das ilhas de calor não é tanto os prédios residenciais, mas a
distribuição deles na mesma região. Segundo ele, o estudo mostra que há áreas
adensadas com distribuição boa de prédios, possibilitando a melhor circulação
de ventos, dissipando o calor. Além da distribuição adequada das edificações,
Tiago destaca a importância de aumentar a quantidade de vegetação. Uma
possibilidade apontada por ele são os jardins nos tetos e muros das casas e
apartamentos. "A evapotranspiração produz ventos", destaca.
Riscos
Segundo o geógrafo, algumas áreas da cidade precisam de um olhar e uma ocupação mais cuidadosa. Ele destaca a região dos entornos da Avenida Caxangá. A via, segundo o estudo, é um corredor de calor. "Ao longo de toda a via a temperatura é superior aos 28ºC, por conta da quantidade de asfalto. A concentração de calor alí é muito elevada", afirma. As avenidas Mascarenhas de Morais e Imbiribeira também têm alta concentração de calor. A Avenida Boa Viagem também, mas não tanto quanto as outras por conta do vento vindo do oceano. Ele destaca ainda o efeito da vegetação na via, derrubando a temperatura de 28ºC para 25ºC. Um destaque de arborização é a Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Boa Viagem.
Segundo o geógrafo, algumas áreas da cidade precisam de um olhar e uma ocupação mais cuidadosa. Ele destaca a região dos entornos da Avenida Caxangá. A via, segundo o estudo, é um corredor de calor. "Ao longo de toda a via a temperatura é superior aos 28ºC, por conta da quantidade de asfalto. A concentração de calor alí é muito elevada", afirma. As avenidas Mascarenhas de Morais e Imbiribeira também têm alta concentração de calor. A Avenida Boa Viagem também, mas não tanto quanto as outras por conta do vento vindo do oceano. Ele destaca ainda o efeito da vegetação na via, derrubando a temperatura de 28ºC para 25ºC. Um destaque de arborização é a Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Boa Viagem.
No detalhe, Avenida Caxangá em
período mais húmido e em período mais seco. Avenida Caxangá forma "linha
vermelha" no mapa.
A expectativa da secretaria do Meio Ambiente é plantar 100 mil novas árvores na cidade até o fim de 2016. A escolha das áreas que receberá as mudas seguiu orientações de um estudo também desenvolvido pelo Instituto Cidade do Recife, mapeando a distribuição do verbe na capital pernambucana.
"Algumas cidades têm lutado contra ilhas de
calor tomando medidas como implantação de jardins nos tetos, jardins verticais
nos edifícios, em garagens... se nos edifícios-garagem fossem implantados
jardins verticais, diminuiria o efeito deste bloco de concreto", afirma
Tiago. Ele destacou também a importância de dialogar com as empresas para que
estas, na construção, utilizem materiais que não acumulem tanto calor.
"Grandes empreendimentos que possuem grande quantidade de vegetação no
entorno conseguem bom arrefecimento da temperatura", afirma, lembrando o
Hospital Geral de Areias.A expectativa da secretaria do Meio Ambiente é plantar 100 mil novas árvores na cidade até o fim de 2016. A escolha das áreas que receberá as mudas seguiu orientações de um estudo também desenvolvido pelo Instituto Cidade do Recife, mapeando a distribuição do verbe na capital pernambucana.
Efeito
do Parque de Exposições do Cordeiro sobre o "corredor de calor" da
Caxangá.
O levantamento foi apresentado na última semana ao Instituto Iclei, responsável por desenvolver e implementar no Recife o "Urban Leds - Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes", da ONU. O trabalho rebatizado de "Distribuição espacial da temperatura da superfície do Recife" é parte da dissertação "Mudança espaçotemporal do uso e cobertura do solo e estimativa do balanço de energia de evapotranspiração de área no município do Recife-PE", defendida por Tiago em 2012 sob orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.
O levantamento foi apresentado na última semana ao Instituto Iclei, responsável por desenvolver e implementar no Recife o "Urban Leds - Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes", da ONU. O trabalho rebatizado de "Distribuição espacial da temperatura da superfície do Recife" é parte da dissertação "Mudança espaçotemporal do uso e cobertura do solo e estimativa do balanço de energia de evapotranspiração de área no município do Recife-PE", defendida por Tiago em 2012 sob orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.
Ilha de calor: concentração de
energia no Carrefour, na Torre.
Fonte: Blog do Jamildo