segunda-feira, 27 de maio de 2013

ESTUDO APONTA ILHAS DE CALOR EM RECIFE, ZONAS EM QUE POPULAÇÃO PODE TER SAÚDE PREJUDICADA...

Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem

Um estudo bancado pelo Instituto da Cidade do Recife Engenheiro Pelópidas Silveira aponta onde ficam e quais as características das ilhas de calor da capital pernambucana. A pesquisa, do órgão ligado à Secretaria de Desenvolvimento e Planejamento Urbano, mostra que as áreas com maior adensamento populacional e de construção civil podem ter temperatura média até 7ºC superior a outros bairros da cidade. O destaque negativo vai para as grandes vias urbanas como a Caxangá, Mascarenhas de Morais e Imbiribeira.

A pesquisa comparou as informações obtidas junto à estação meteorológica de Pernambuco com as fotografias do satélite Landsat, que fotografa a superfície da Terra desde 1972. Foram escolhidas as imagens de melhor qualidade - já que as fotografias do Recife frequentemente estão cobertas por nuvens. Elas datam de 9 de maio de 1987, 28 de setembro de 1989, 14 de junho de 1991, 8 de maio de 2005, 26 de agosto de 2006, 28 de junho de 2007, 6 de setembro de 2010 e 25 de setembro de 2011. São tanto de períodos secos como de períodos mais chuvosos.
A pesquisa traz as mudanças na cobertura do solo, com o adensamento populacional e a redução nas coberturas vegetais, mostrando como isso afetou o a temperatura do Recife. A redução da vegetação causou o aumento da impermeabilização (um dos fatores para o não-escoamento das águas da chuva) e elevou a temperatura média da capital pernambucana. O "balanço de energia" (relação entre entrada e retorno de energia solar) no Recife apresenta clara diferença de décadas atrás para hoje e ainda entre bairros do Recife.

O levantamento exibe, por exemplo, a grande diminuição na cobertura vegetal da Região Político Administrativa 2 (RPA-2), que engloba os bairros da Encruzilhada, Cajueiro, Arruda, Hipódromo, Água Fria, Dois Unidos e mais 11 bairros. "O período em que a população começa a se adensar naquela região acompanha o período em que a vegetação diminui, caindo também a umidade", informa o mestre em geografia Tiago Henrique de Oliveira, gestor de Análise de Geoprocessamento do Instituto da Cidade do Recife, que coordenou o estudo, sob a orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.
Períodos secos
As imagens mostram o alto adensamento urbano nos bairros da Torre, Madalena, Espinheiro e Boa Viagem. Em períodos mais secos, como setembro e outubro, a média de temperatura nestes bairros varia entre 27ºC e 29ºC. "A temperatura é quase sempre superior aos 28ºC nos bairros mais adensados", afirma Tiago, apontando a diferença para as áreas vegetadas. O estudo mostra que em "corredores de áreas verdes", como nos bairros da Guabiraba, na Zona Norte, e Várzea e Dois Irmãos, na Zona Oeste, a média de temperatura fica entre 20ºC e 21ºC. "A diferença é de 7ºC a 9ºC, no mesmo dia, comparando as duas áreas", afirma o pesquisador. A temperatura vai aumentando conforme se afasta das áreas verdes.




Manguezal no Pina. Destaque para o semicírculo de calor justamente sobre prédios distribuídos em semicírculo. Os edifícios são mal distribuídos e formam uma barreira que impede a passagem de vento. Veja também os corredores de vento entre o mar e os trechos mais avançados da vegetação.

"A energia que chega é convertida em calor quando em contato com concreto, asfalto e alguns tipos de telhado. Mas quando a radiação solar bate na vegetação, parte da energia é convertida em umidade pela vegetação, através da fotossíntese. A liberação de umidade contribui para o conforto térmico na região."

O "conforto térmico" é fundamental para o bem-estar da população. Tiago Henrique lembra casos dos Estados Unidos em que a soma da radiação solar elevada com a elevada temperatura e baixa umidade leva ao aumento na quantidade de pessoas que se dirigem ao hospital. "Acontecem até mortes. Os principais prejudicados são idosos e crianças", afirma. Os efeitos do calor também são sentidos no consumo de energia elétrica, já que em locais mais quentes o uso de ar-condicionados e ventiladores é mais frequente.

A secretária de Sustentabilidade e Meio Ambiente do Recife, Cida Pedrosa, alerta para as consequências na qualidade de vida da população e os efeitos no meio-ambiente. "Somos uma cidade quente, de temperatura elevada, com pouco tempo de inverno. A concentração de calor, neste cenário, prejudica a vegetação, aumenta o uso de ar-condicionado - e o consequente elevamento de carbono lançado na natureza. Estudos gerais também apontam que o calor excessivo prejudica pessoas que sofrem de pressão e outras doenças. São males comprovados do ponto de vista científico", informa. O recife é uma cidade que cresce de forma acelerada, mas também temos que pensar na sustentabilidade para tentar reverter este modelo de cidade já instalado".

Segundo pesquisas da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), o calor em excesso causam maior incidência de aceleração no pulso, dores de cabeça, desmaios, náuseas, fraquezas, cãimbras, calafrios, problemas respiratórios e circulatórios.
Períodos úmidos
Nos períodos mais úmidos, entre junho e julho, as áreas com maior adensamento populacional fica com temperatura entre 24ºC e 25ºC, enquanto nas áreas com maior quantidade de vegetação a temperatura varia entre 19ºC e 22ºC. "Com isso, as áreas vegetadas refrescam áreas vizinhas a ela, através da evapotranspiração, a conversão de energia solar em água evaporada, em vez de calor", afirma Tiago. As chamadas "ilhas de amenidade", o opostos das ilhas de calor, ficam mais próximas aos rios Capibaribe e Tejipió.



 Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem


"O problema não são os prédios"
O geógrafo também frisou que o motivador das ilhas de calor não é tanto os prédios residenciais, mas a distribuição deles na mesma região. Segundo ele, o estudo mostra que há áreas adensadas com distribuição boa de prédios, possibilitando a melhor circulação de ventos, dissipando o calor. Além da distribuição adequada das edificações, Tiago destaca a importância de aumentar a quantidade de vegetação. Uma possibilidade apontada por ele são os jardins nos tetos e muros das casas e apartamentos. "A evapotranspiração produz ventos", destaca.
Riscos
Segundo o geógrafo, algumas áreas da cidade precisam de um olhar e uma ocupação mais cuidadosa. Ele destaca a região dos entornos da Avenida Caxangá. A via, segundo o estudo, é um corredor de calor. "Ao longo de toda a via a temperatura é superior aos 28ºC, por conta da quantidade de asfalto. A concentração de calor alí é muito elevada", afirma. As avenidas Mascarenhas de Morais e Imbiribeira também têm alta concentração de calor. A Avenida Boa Viagem também, mas não tanto quanto as outras por conta do vento vindo do oceano. Ele destaca ainda o efeito da vegetação na via, derrubando a temperatura de 28ºC para 25ºC. Um destaque de arborização é a Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Boa Viagem.



No detalhe, Avenida Caxangá em período mais húmido e em período mais seco. Avenida Caxangá forma "linha vermelha" no mapa.

A expectativa da secretaria do Meio Ambiente é plantar 100 mil novas árvores na cidade até o fim de 2016. A escolha das áreas que receberá as mudas seguiu orientações de um estudo também desenvolvido pelo Instituto Cidade do Recife, mapeando a distribuição do verbe na capital pernambucana.
"Algumas cidades têm lutado contra ilhas de calor tomando medidas como implantação de jardins nos tetos, jardins verticais nos edifícios, em garagens... se nos edifícios-garagem fossem implantados jardins verticais, diminuiria o efeito deste bloco de concreto", afirma Tiago. Ele destacou também a importância de dialogar com as empresas para que estas, na construção, utilizem materiais que não acumulem tanto calor. "Grandes empreendimentos que possuem grande quantidade de vegetação no entorno conseguem bom arrefecimento da temperatura", afirma, lembrando o Hospital Geral de Areias.




Efeito do Parque de Exposições do Cordeiro sobre o "corredor de calor" da Caxangá.

O levantamento foi apresentado na última semana ao Instituto Iclei, responsável por desenvolver e implementar no Recife o "Urban Leds - Promovendo Estratégias de Desenvolvimento Urbano de Baixo Carbono em Países Emergentes", da ONU. O trabalho rebatizado de "Distribuição espacial da temperatura da superfície do Recife" é parte da dissertação "Mudança espaçotemporal do uso e cobertura do solo e estimativa do balanço de energia de evapotranspiração de área no município do Recife-PE", defendida por Tiago em 2012 sob orientação da professora Josiclêda Domiciano Galvíncio, da UFPE.


 

Ilha de calor: concentração de energia no Carrefour, na Torre.

Fonte: Blog do Jamildo




MARINA SILVA: MAIS UMA CHAMADA PARA UM MOMENTO DE REFLEXÃO E PARA QUEBRAR PARADIGMAS...


quinta-feira, 23 de maio de 2013

A RELIDADE POLÍTICA-PARTIDÁRIA BRASILEIRA...

REPRODUZINDO ARTIGO do Deputado Daniel Coelho:

Barbosa queria muito que os partidos brasileiros fossem de mentirinha. Infelizmente, são de verdade.
A declaração do presidente do STF, Joaquim Barbosa, dizendo que temos partidos de mentirinha no Brasil, causou reações de alguns políticos. Para mim puro cinismo e corporativismo reagir a uma declaração que simplesmente fala de uma verdade escancarada.
Um dos maiores problemas na política brasileira está no seu quadro partidário. Com poucas, raríssimas exceções, os partidos brasileiros não representam nada. Ate porque não é possível termos mais de 30 ideologias partidárias.
A história da política brasileira, hoje, é a seguinte: um pequeno grupo de “políticos” sem nenhum compromisso público detém o controle cartorial dos partidos. Estes, sem defender nenhuma tese ou ideia, negociam cargos com os governantes federais, estaduais e municipais, independente de quem seja o governante. Esses cargos se transformam, muitas vezes, em oportunidades para criação de esquemas de corrupção. Nenhuma novidade nisso, Roberto Jefferson escarou esse jogo. Além dos cargos e vantagens, os partidos têm direito ao fundo partidário e a tempo na televisão, que no momento eleitoral é negociado a preço de ouro.
Agora criaram uma nova indústria, a dos novos partidos. Os chamados “nanicos”, talvez não tenham tamanho para barganhar ministérios, mas só receber fundo partidário mesmo sem ter votos, parlamentares eleitos ou sequer um bandeira política, já é um escândalo.
Democracia não pode ser farra com dinheiro do contribuinte. Ano que vem temos eleição, mas o filme já sabemos: a grande maioria dos partidos deve apoiar o PT e a reeleição de Dilma. Porém, em caso de vitória da oposição, esses mesmos partidos não amanhecem o dia primeiro de janeiro de 2015 junto ao PT. Todos eles vão ser aliados do governante da vez, jogando o voto do povo pela janela, junto com a coerência que nunca existiu.
A maior das reformas políticas tem que ser feita pelo eleitor, dizendo não a esses partidos de mentirinha, que sempre estarão no mesmo lugar, no poder, procurando vantagens pessoais para uma meia dúzia de dirigentes.

Fonte: Blog do Jamildo

Comentário: Parabéns Deputado pelo artigo e pela sinceridade!

terça-feira, 21 de maio de 2013

NOS BASTIDORES DA MP DOS PORTOS...



Donos de portos financiaram políticos:

Um grupo de 28 empresas e famílias que exploram portos no Brasil injetou pelo menos R$ 121,5 milhões em campanhas eleitorais e na direção de partidos políticos em apenas três anos, de 2010 a 2012.
As empresas tinham interesses diversos na discussão da Medida Provisória dos Portos, proposta de alteração das regras do setor apresentada pelo governo Dilma no fim de 2012 e aprovada no Congresso na semana passada.
Parte dessas companhias defendia desde o início as alterações por acreditar que abririam espaço para novos negócios. Entre elas estão nomes como Odebrecht, Triunfo e o grupo de Eike Batista.
Do outro lado estavam companhias como Santos Brasil e Libra Holding, operadoras de terminais que temiam perder espaço. Nos bastidores, as empresas tentaram inserir mudanças no texto quando perceberam que a medida seria aprovada.
Duas entidades operaram o lobby no Congresso: a ABTP, dos terminais portuários, e Abratec, dos terminais de contêineres. Os presidentes da ABTP, Wilen Manteli, e da Abratec, Sérgio Salomão, estiveram no Congresso e conversaram com parlamentares ao longo da votação.
Outro nome do lobby empresarial foi Richard Klien, sócio do grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, na Santos Brasil. A empresa administra o maior terminal de contêineres do país e registrou no ano passado uma receita de R$ 1,3 bilhão.
A Folha apurou que, nos dias que antecederam a votação da MP, Klien manteve conversas com líderes políticos em Brasília. Procurada, a assessoria do empresário não havia confirmado nem negado a informação até a conclusão desta edição.
Klien e seus familiares doaram R$ 3,6 milhões como pessoas físicas. Desse total, metade foi para o comando nacional do PMDB. Klien é antigo apoiador do senador José Sarney (PMDB-AP).
O grupo empresarial sob controle de Dantas, que inclui o banco Opportunity e a Agropecuária Santa Bárbara, doou mais R$ 3,9 milhões, 97,4% dos quais para a Direção Nacional do PT.
O maior doador do setor de portos foi o grupo Odebrecht, com R$ 66 milhões. O PT recebeu 36% desse volume, seguido por PSDB (28,5%) e PMDB (22%).
A Libra Holdings direcionou 57,5% de suas doações para o PSB, partido do ministro Leônidas Cristino (Secretaria Especial de Portos).
O valor doado pelo setor de portos nesses três anos equivale a tudo o que foi arrecadado pelos prefeitos eleitos de 26 capitais em 2008, em valores nominais.
O setor de planos de saúde doou, no ano de 2010, R$ 11,8 milhões por meio de 48 empresas, segundo estudo de pesquisadores da UFRJ e da USP.
OUTRO LADO
O presidente da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli, afirmou à Folha que as doações não ajudaram no diálogo com o Congresso sobre a Medida Provisória dos Portos.
Segundo ele, as empresas ou seus sócios fazem repasses aos partidos de forma independente, sem discutir com a associação. "As doações são feitas pelas empresas. Isso está fechado a sete chaves. Nem sei como a turma faz isso. É algo que nunca discutimos."
A Santos Brasil afirmou, por meio da assessoria, que "não faz lobby e nunca atuou para derrubar ou mudar a MP". A empresa disse que considerou a medida positiva e "está pronta para aproveitar as oportunidades de negócio criadas pelo novo modelo portuário".
A Odebrecht afirmou, também por meio da assessoria, que "faz suas doações em prol da democracia e do desenvolvimento econômico e social do país" e classificou a medida como "um marco histórico no esforço do país para superar os entraves ao nosso desenvolvimento".
O grupo Libra disse que as doações de campanha da empresa e de acionistas foram registradas e feitas "em função da identificação com programas dos partidos e relacionamentos de longo prazo".
A empresa afirmou que é favorável à medida em "todos os seus aspectos que estimulam os investimentos e aumentam a concorrência". 


Comentário: Depois o Congresso Nacional ainda acha que Ministro Joaquim Barbosa fala demais...