sábado, 26 de julho de 2014

EXTINÇÃO DE ESPÉCIES E CONFLITOS SOCIOECONÔMICOS...

Terra pode estar no meio de ‘onda de extinção’, alerta revista ‘Science’

Enquanto o número de seres humanos na Terra quase dobrou nas últimas quatro décadas, o número de insetos, lesmas, minhocas e crustáceos recuou 45%, revelaram cientistas nesta quinta-feira (24). Além disso, a maior perda de espécies selvagens grandes ou pequenas em todo o planeta pode ser uma importante causa da crescente violência e inquietação, destacou outra pesquisa publicada pela revista “Science”, como parte de uma edição especial sobre o desaparecimento dos animais.
Na introdução da edição, a revista destaca que a Terra já sofreu cinco grandes eventos de extinção em massa e que, neste momento, podemos estar passando pela “sexta onda de extinção”.
Os invertebrados são importantes para o planeta porque polinizam cultivos, controlam pragas, filtram a água e transportam nutrientes no solo.
Entre os animais vertebrados que vivem no solo, 322 espécies desapareceram nos últimos cinco séculos e as espécies remanescentes tiveram um declínio de cerca de 25%, destacou o estudo.
“Ficamos chocados ao encontrar perdas similares nos invertebrados como nos animais maiores, pois pensávamos anteriormente que os invertebrados fossem mais resilientes”, disse Ben Collen, da Universidade College de Londres.
Os cientistas atribuem o declínio de invertebrados a dois principais fatores: a perda de habitat e as mudanças climáticas globais.
Extinção e violência – Segundo eles, este declínio planetário de espécies selvagens pode estar provocando mais conflitos violentos, crime organizado e trabalho infantil ao redor do mundo.
As razões para esta intensificação se devem à escassez de alimentos e à perda de empregos, resultando em mais tráfico de pessoas e outros crimes, destacou o estudo, realizado por cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley.
“Este artigo identifica o declínio da vida selvagem como uma fonte de conflitos sociais e não um sintoma”, disse o principal autor do estudo, Justin Brashares, professor associado de ecologia e preservação da UC Berkeley.
“Bilhões de pessoas dependem direta e indiretamente de fontes silvestres de carne para seu sustento e este recurso está diminuindo”, acrescentou.
O estudo destacou, por exemplo, que o aumento da pirataria na Somália se deveu a disputas sobre os direitos de pesca. “Para pescadores somalis e para milhões de outros, os peixes e os animais silvestres são o único meio de sustento, portanto quando isto foi ameaçado por frotas pesqueiras internacionais, medidas drásticas foram tomadas”, afirmou o co-autor do estudo, Justin Brashares.
Os cientistas também apontaram para o aumento do tráfico de presas de elefantes e chifres de rinocerontes como uma evidência da crescente indústria criminal vinculada aos animais ameaçados.
“As perdas de espécies selvagens puxam o tapete de sociedades que dependem desses recursos”, afirmou o co-autor do estudo, Douglas McCauley, professor assistente da Universidade de Santa Bárbara.
“Não estamos apenas perdendo espécies. Estamos perdendo crianças, dividindo comunidades e incentivando o crime. Isso torna a preservação de espécies selvagens um trabalho mais importante que nunca”, concluiu. (Fonte: G1)
Fonte: http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/07/26/107373-terra-pode-estar-no-meio-de-onda-de-extincao-alerta-revista-science.html

segunda-feira, 7 de julho de 2014

O BOM EXEMPLO DA COSTA RICA...

Como a Costa Rica virou um fenômeno verde mundial

Não é só no futebol que a Costa Rica surpreende. Com inovação, planejamento e boa gestão, este pequeno país da América Central mandou para escanteio uma das maiores taxas de desmatamento do mundo, transformando-se em exemplo de conservação ambiental e disputado destino de ecoturismo.
Na década de 70, quase 80% da cobertura florestal da Costa Rica havia praticamente desaparecido para dar espaço à criação de gado para produção de carne bovina, que tinha como principal comprador (e financiador) os Estados Unidos.
Mas isso é passado. Atualmente, mais da metade da cobertura florestal existente no país encontra-se sob a proteção de parques nacionais, reservas biológicas, ou refúgios de vida silvestre.
A vitória nessa seara só foi possível graças aos esforços do governo e da sociedade nos últimos 20 anos, a começar pela implementação de um programa de pagamento por serviços ambientais (PES).
Remunerar produtores rurais familiares e comunidades tradicionais, com o objetivo de incentivar uma mudança de comportamento para conservação da natureza, é o cerne do pagamento por serviços ambientais.
Instituído na Lei de Florestas da Costa Rica, em 1996, o programa é financiado por um imposto de energia, principalmente sobre combustíveis fósseis.
Este programa formou a base para o protagonismo do país no programa REDD+, mecanismo que busca reconhecer a contribuição das florestas em mitigar mudanças climáticas através do sequestro de carbono.
Além da fotossíntese, que captura o gás carbônico (CO2) da atmosfera, as plantas e árvores ajudam a fixar o carbono no solo. Quando são derrubadas, este carbono no subsolo é liberado.
É aí que o REDD+ , compensando países em desenvolvimento por emissões evitadas por aumento do estoque de carbono.
O sucesso dessas investidas demonstrou que desenvolvimento social e econômico pode ser importante para diminuir o desmatamento, conforme destaca relatório recente da Union of Concerned Scientists, que reconhece a Costa Rica como um campeão no combate ao desmatamento.
Mudanças no mercado internacional também ajudaram a reverter as taxas de desmatamento, segundo o estudo.
O colapso das exportações de carne bovina na década de 80, por exemplo, impulsionou a criação e expansão de áreas protegidas em larga escala no nordeste do país, uma região dominada pela criação de gado desde os tempos coloniais.
Em paralelo, o país descobriu seu potencial para o ecoturismo, um setor fundamental para a economia costa-riquenha.
Todos os anos, milhões de turistas visitam o país, atraídos pelos encantos naturais e diversos como suas cordilheiras, vulcões, reservas ambientais, praias e resorts no Pacífico e no Caribe.
Pensa que a Costa Rica se dá por satisfeita? Nada disso.
No ano passado, surpreendeu o mundo ao anunciar que fecharia seus dois zoológicos estatais para transformá-los em jardins botânicos.
Sua meta mais ambiciosa é tornar-se um país neutro em carbono, com pelo menos 100% das suas emissões que causam o aquecimento global equilibradas pelo sequestro de carbono até 2021.
Com os passes certeiros que vem dando, o gol é praticamente certo. 
Fonte: Exame.com/Ambientebrasil