terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PRODUÇÃO PRIMÁRIA FLORESTAL NO BRASIL EM 2012 SOMOU 18,4 BILHÕES DE REAIS.

A silvicultura contribuiu com 76,9% (R$ 14,2 bilhões) e a extração vegetal, com 23,1% (R$ 4,2 bilhões). A produção nacional de madeira em tora foi de 146.804.476 m³, dos quais 89,8 % vieram de florestas plantadas. Entre os principais produtos madeireiros do extrativismo vegetal, apenas a produção de madeira em tora cresceu (5,2%).
A tendência de queda na produção extrativista de carvão vegetal (-14,2%) e lenha (-8,7%) se manteve, devido à fiscalização e à crescente oferta de carvão e lenha provenientes de florestas plantadas: a produção de carvão vegetal da silvicultura (5.097.809 t) cresceu 23,5%, enquanto a de lenha com essa origem (56.761.788 m³) cresceu 9,7% em relação a 2011.
A seguir, as principais informações da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2012. A publicação completa desta pesquisa encontra-se em:http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/pevs/2012/default.shtm
O coco do açaí, o látex, a cera de carnaúba, a fibra de piaçava, a casca de angico, o coco de babaçu, o pequi, a castanha-do-pará e o urucum são exemplos de produtos extraídos nas florestas naturais do país. Eles são um complemento ou até mesmo a única fonte de renda das populações extrativistas. Para acompanhar o desempenho destas atividades, a pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) investiga 45 produtos (38 oriundos do extrativismo vegetal e sete da silvicultura), em todos os municípios brasileiros.
Silvicultura mantém a predominância sobre o extrativismo
Em 2012, A produção primária florestal somou R$ 18,4 bilhões. A silvicultura contribuiu com 76,9% (R$ 14,2 bilhões) e a extração vegetal, com 23,1% (R$ 4,2 bilhões). A predominância da silvicultura na produção florestal se mantém há mais de uma década, como mostra o gráfico 1.



A participação de produtos madeireiros no extrativismo vegetal totalizou R$ 3,3 bilhões (ou 77%) e o de não madeireiros, R$ 983,6 milhões (ou 23%). Na silvicultura, os quatro produtosmadeireiros somaram R$ 14,1 bilhões (99%) e os três não madeireiros apenas R$ 133,1 milhões (apenas 1%).
Na produção nacional de madeira em tora (146.804.476 m³), apenas 10,2% vêm do extrativismo vegetal e 89,8 % são oriundos das florestas plantadas. Mais da metade (56,0%) dessa produção de madeira em tora da silvicultura se destina à produção de papel e celulose. Já na produção de carvão vegetal (6.257.504 toneladas) 81,5% vêm da silvicultura e 18,5% da extração vegetal. Finalmente, na produção nacional de lenha (91.075.425 m³), 37,7% vêm do extrativismo vegetal e 62,3% da silvicultura.
Seis produtos concentram mais de 90% do valor da produção extrativa não madeireira
Os produtos não madeireiros do extrativismo vegetal que se destacaram pelo valor da produção em 2012 são: coquilhos de açaí (R$ 336,2 milhões), erva-mate nativa (R$ 155,3 milhões), amêndoas de babaçu (R$ 127,6 milhões), fibras de piaçava (R$ 109,0 milhões), pó de carnaúba (R$ 95,1 milhões) e a castanha-do-pará (R$ 68,4 milhões). Juntos somaram 90,6% do valor total da produção extrativista vegetal não madeireira.
O extrativismo vegetal não madeireiro se concentra no Norte, com destaque para o açaí (93,7%) e castanha-do-pará (96,0%), e no nordeste, principalmente com as produções de amêndoas de babaçu (99,7%), fibras de piaçava (96,2%) e pó de carnaúba (100,0%). A região Sul concentra apenas dois produtos do extrativismo: erva-mate (99,9%) e pinhão (99,0%).
Em 2012, houve quedas na produção da maioria dos produtos da extração vegetal e somente dez deles tiveram alta. As maiores variações ocorreram na produção de sementes de oiticica, no pequi e em outros alimentícios.
Açaí (fruto) – Em 2012, o Pará, maior produtor nacional, produziu 110.937 t de açaí, com alta de 1,57% em relação a 2011. Mas a produção do Brasil (199.116 t) recuou em 7,6%. O maior recuo foi no Amazonas, segundo produtor nacional, por causa da cheia. O aumento do cultivo de açaí também concorreu para a queda da produção extrativista deste fruto. Dos 20 maiores municípios produtores de frutos de açaizeiros nativos do país, 12 são no Pará e 8 no Amazonas. O principal município produtor é Codajás (AM), seguido por Limoeiro do Ajuru, Oeiras do Pará, Ponta de Pedras, Muaná e São Sebastião da Boa Vista, todos no Pará.
Erva-mate – A produção de 2012 (252.700 t) cresceu 10,0% em relação ao ano anterior. O Paraná foi o principal estado produtor, com 193.636 toneladas, seguido por Santa Catarina (36.105 toneladas), Rio Grande do Sul (22.720 toneladas) e pelo Mato Grosso do Sul (239 toneladas). Dos 20 maiores municípios produtores, 18 são paranaenses e o líder é São Mateus do Sul que concentra 14,2% da produção nacional.
Babaçu (amêndoa) – A produção total de amêndoas de babaçu (97.820 toneladas) caiu 4,6% em relação a 2011. O Maranhão é o maior produtor e concentra 93,9% da produção nacional. Essa atividade vem decaindo nos últimos anos. Deixou-se de coletar babaçu para a produção de óleo e, em alguns municípios, o produto é utilizado em fornos de cerâmicas e indústrias. O principal município produtor é Vargem Grande (MA).
Fibras de piaçava – A produção nacional de fibras de piaçava em 2012 (57.762 t) caiu 5,9% no ano. A Bahia, principal produtor, concentra 96,2% da produção nacional e reúne 17 dos 20 maiores municípios produtores. Os municípios baianos de Ilhéus, Nilo Peçanha, Cairu e Ituberá respondem por 84,0% do total nacional.
Pó cerífero de carnaúba – Em 2012 a produção total de pó cerífero de carnaúba, foi de 17.844 toneladas, 4,2% menor que a obtida em 2011. A forte estiagem ocorrida no principal estado produtor e o alto custo da mão de obra foram os responsáveis por esta queda. O Piauí é o principal produtor (11.625 t), com Ceará (5.662 toneladas), Maranhão (513 toneladas) e Rio Grande do Norte (44 toneladas) a seguir. O maior município produtor foi Granja (CE), seguido por Campo Maior (PI). Entre os 20 municípios líderes, 12 são piauienses, sete são cearenses e um está no Maranhão.
Castanha-do-pará – Em 2012, a produção de castanha-do-pará foi de 38.805 toneladas. A baixa produtividade no Amazonas e os baixos preços em Rondônia foram os principais motivos da queda de 7,9% em relação a 2011. Os principais estados produtores foram Acre (14.088 t), Amazonas (10.478 t) e Pará (10.449 t). O município líder é Brasiléia (AC), com 4.169 t.
Sul e Sudeste concentram a produção não madeireira da silvicultura
Os três produtos não madeireiros da silvicultura estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste, sendo que a produção de casca de acácia-negra está toda no Rio Grande do Sul. A produção de folhas de eucalipto concentra-se no Sudeste (90,8%) e a produção de resina, nas regiões Sudeste (56,7%) e Sul com 33,0%. Entre os não madeireiros, somente a produção de resina teve alta (3,0%) em relação a 2011.
Cascas de acácia-negra – A produção de cascas de acácia-negra (103.006 t) recuou 2,4% em relação a 2011. O Rio Grande do Sul é o único estado produtor, sendo Gramado o principal município produtor seguido por Piratini, São Jerônimo, Brochier e Salvador do Sul, entre outros.
Folhas de eucalipto – A estiagem na região do principal município produtor, São João do Paraíso (MG), colaborou para a queda de 18,2% na produção de 2012 (46.474 t). São apenas 17 os municípios produtores: São João do Paraíso, Ninheira, e Berizal (MG), Torrinha, Santa Maria da Serra, Dois Córregos, Brotas, São Pedro, Bauru, Mineiros do Tietê, Bocaina e Jaú (SP), Três Lagoas, Água Clara, e Antônio João (MS) e Ivaté, e São Manoel do Paraná (PR).
Resina – Em 2012 foram produzidos 73.778 t de resina, 3,0% a mais que em 2011. O município líder é Paranapanema (8.574 t), em São Paulo, o estado com a maior produção (37.424 t).
Produção de carvão e lenha provenientes da extração vegetal continua em queda
Os produtos madeireiros do extrativismo vegetal com alta na produção foram a madeira em tora (5,2%) e o número de árvores abatidas do pinheiro brasileiro nativo (14,6%). Os demais produtos tiveram queda: carvão vegetal (-14,2%), lenha (-8,7%) e nó-de-pinho (-2,8%).
A demanda industrial, o preço, o clima, a disponibilidade de mão de obra na coleta de determinados produtos e a atuação de órgãos fiscalizadores – que liberam ou não áreas para agricultura, aplicam multas e fecham serrarias e carvoarias – explicam as oscilações da produção extrativista.
Carvão vegetal da extração vegetal – Em 2012 a produção nacional de carvão vegetal do extrativismo foi de 1.159.695 t, ou 14,2% a menos que em 2011. Maranhão (346.277 t) e Mato Grosso do Sul (259.616 t) concentraram 52,2% da produção. Grajaú (MA) (92.295 t) continua sendo o principal município produtor seguido por Aquidauana (MS) (35.000 t). Entre os 20 maiores produtores, seis municípios são maranhenses, cinco do Mato Grosso do Sul, cinco baianos, um piauiense, um paraense e um paranaense.
Lenha da extração vegetal – Foram extraídos das matas nativas 34.313 637 m³ de lenha em 2012, 8,7% a menos que em 2011. A Bahia (7.257.950 m³) foi o maior produtor, com Ceará (3.855.195 m³), Pará (3.150.592 m³), Maranhão (2.764.706 m³), Pernambuco (2.170.136 m³) e Mato Grosso (2.168.714 m³) a seguir. Juntos, os seis estados produziram 62,3% do total nacional. Xique-Xique (BA) foi o município líder. Entre os 20 principais municípios produtores, nove estão na Bahia, cinco no Pará, quatro em Pernambuco, um no Acre e um no Maranhão.
Madeira em tora da extração vegetal – Em 2012 a produção de madeira em tora oriunda do extrativismo vegetal cresceu 5,2% em relação a 2011. Foram produzidos 14.925.501 m³, principalmente no Pará (4.877.005 m³), Mato Grosso (4.050.383 m³) e Rondônia (2.386.044 m³) responsáveis por 75,8% do total. Portel (900.000 m³) no Pará, Porto Velho (876.934 m³) em Rondônia e Aripuanã (532.105 m³) no Mato Grosso, são os três municípios líderes.
Produção de carvão da silvicultura cresce 23,5% e a de lenha, 9,7%
Dos produtos madeireiros da silvicultura, apenas a madeira em tora para papel e celulose teve queda na produção (-2,6%). O Sudeste foi responsável por 87,3% da produção de carvão vegetal, 40,8% da madeira em tora para papel e celulose, 25,8% da lenha e de 34,6% da madeira em tora para outras finalidades produzidas no Brasil em 2012, já o Sul respondeu por 64,8% da lenha, 30% da madeira em tora para papel e celulose e 58,8% da madeira para outras finalidades.
Carvão vegetal da silvicultura – A produção de carvão vegetal da silvicultura, em 2012, foi de 5.097.809 toneladas, 23,5% superior à obtida em 2011. Minas Gerais foi o maior produtor (4.335.499 t) respondendo por 85,0% da produção nacional, seguido por Maranhão (312.296 t) e Bahia (155.856 t). O município de João Pinheiro (MG), com uma produção de 362.439 m³, é o maior produtor nacional. Minas Gerais concentra 18 dos 20 maiores municípios produtores (exceto dois municípios maranhenses, Bom Jardim e Açailândia).
Lenha da silvicultura – A substituição da lenha do extrativismo pela da silvicultura vem incentivando a produção desta última que, em 2012, cresceu 9,7% em relação a 2011, chegado a 56.761.788 m³. Rio Grande do Sul (14.510.329 m³), Paraná (13.923.812 m³), Santa Catarina (8.321.977 m³), São Paulo (7.060.277 m³) e Minas Gerais (6.898.329 m³) são os principais produtores, com 89,3% do total nacional. Salto do Itararé (PR) foi o município líder.
Madeira em tora para papel e celulose da silvicultura – A produção de madeira em tora para papel e celulose caiu 2,6% em 2012. Dos 73.837.128 m³ obtidos, São Paulo produziu 19.167.439 m³, com Bahia (14.691.841 m³), Paraná (9.861.953 m³), Santa Catarina (9.839.386 m³) a seguir. O município líder é Brasilândia (MS), seguido por Caravelas e Mucuri (BA).
Madeira em tora para outras finalidades da silvicultura – Em 2012 foram produzidas no Brasil 58.041.847 m³ de madeira em tora para outras finalidades, com alta de 16,2% em relação a 2011. O Paraná contribuído com 19.191.900 m³ (ou 33,1% do total), com São Paulo (11.900.773 m³), Santa Catarina (9.648.887 m³), Minas Gerais (7.768.014 m³) e Rio Grande do Sul (5.276.105 m³) a seguir. Itapetininga (1.810.320 m³) e Botucatu (1.196.306 m³) em São Paulo; Porto Grande no Amapá (1.648.911 m³); Telêmaco Borba (1.531.989 m³), General Carneiro (1.360.000 m³) no Paraná e Estrela do Sul (1.400.00 m³) em Minas Gerais são os seis municípios maiores produtores.


Fonte: IBGE/Ecodebate

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

A QUESTÃO DO SETOR DA MINERAÇÃO NO BRASIL...

TANTO BATE ATÉ QUE SANGRA

Por  | Mexidão – qui, 14 de nov de 2013
Parece que tudo está acontecendo ao mesmo tempo nesse louco 2013, ano-palco de uma impressionante série de movimentações que terão impactos profundos no futuro do país (pro bem e pro mal). Falei recentemente do Marco Civil da Internet no texto “Por uma liberdade semi-impossível” e agora o nó da vez é o Novo Código de Mineração Brasileiro, que está para ser votado e é outro assunto complexo que coloca movimentos sociais de um lado e poderosos interesses financeiros do outro.
Em termos gerais o que está prestes a ser aprovado é um código que mantém as coisas como antes (as mineradoras fazem o que bem entendem e passam por cima de todos), mas com o governo federal ganhando mais dinheiro com isso.
Serra Pelada, Pará, 1981 [foto de Rudi Böhm]
Bem, se existe muita grana em jogo, a batalha é obviamente desigual. Ainda mais quando parte do Congresso tem ligações íntimas com mineradoras. Por exemplo, o relator do Novo Código de Mineração é o deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG) e 20% de sua campanha partiu das mineradoras. Quintão é próximo a Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que teve 70% de sua campanha financiada por empresas ligadas ao setor e, por outro lado, é o principal amigo das teles na questão do Marco Civil. Tutti buona gente, sacumé?
Já o senador Edison Lobão Filho (PMDB-MA), membro não-oficial da Frente Parlamentar da Mineração Brasileira, é dono de uma empresa de mineração (Vale do Sol) e filho, como o próprio nome sugere, de Edison Lobão, simplesmente o ministro das Minas e Energia. Outro senador, Romero Jucá (PMDB-RR), é autor de um projeto de lei que autoriza mineração em terras indígenas e é acusado pela Procuradoria Geral da República de beneficiar a Vale S/A, a maior mineradora do Brasil e a segunda do mundo. Seu caso está no STF. Esses e outros parlamentares são citados na excelente reportagem “Teia de interesses liga políticos a mineradoras em debate sobre novo código”, de Alceu Luís Castilho para a Agência Pública.
A Vale S/A, aliás, é a principal protagonista e vilã de Enquanto o Trem Não Passa, impressionante curta documental feito pela Mídia Ninja que dá voz aos atingidos pela devastação causada pela predadora indústria mineradora nos estados do Maranhão, Pará e Minas Gerais. Saca só.
É impressionante a estupidez dessa turma que destrói a vida de milhares de pessoas e nossos próprios recursos hídrico-minerais em troca do, perdoem o trocadilho, vil metal. Em entrevista ao Blog do Planeta, o advogado Márcio Pereira, especialista em legislação ambiental, toca justamente na perigosa lacuna do Novo Código de Mineração que manterá esse faroeste: “Em termos ambientais, o governo não avançou nada. Não estabeleceu nenhuma regra específica para a área de mineração, sendo que hoje um dos principais gargalos da área de mineração é a questão ambiental. O minério pode estar em áreas remotas, em áreas sensíveis do ponto de vista ecológico ou social”.
Tenho certeza que nenhum ativista e nem as muitas populações afetadas por essas obras gigantescas (e potencialmente nocivas em termos sócio-ambientais), muito menos este que vos escreve, sejam contra o tal “progresso”. Mas que ele seja para as pessoas e não para alguns políticos e empresas (e quando digo “empresas” quero dizer “donos e acionistas de empresas” porque trabalhadores nunca levam nenhuma fatia desse bolo). E que essa importante fonte de riqueza nacional seja extraída de forma responsável. Não é difícil fazer a coisa certa, basta querer e pressionar para que isso aconteça. O que não dá mais é para deixar lobões, lobos e lobinhos cuidando desse nosso belo e confuso galinheiro.
p.s.: Para saber quem mais está de rabo preso com as mineradoras – que só perdem para as construtoras entre as empresas que mais doam dinheiro para campanhas – é bom dar uma olhada no estudo “Quem é quem nas discussões do Novo Código de Mineração”, de Clarissa Reis Oliveira, pesquisadora do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

SERÁ QUE O BRASIL QUE É UM DOS PAÍSES COM MAIORES ÍNDICES DE RADIAÇÃO SOLAR E VENTOS OCUPANDO O TOPO DESTA LISTA PRECISA DE ENERGIA HIDROELÉTRICA?

Especial Atingidos por Barragens: A expansão hidrelétrica e o modelo de desenvolvimento

Por CombateRacismoAmbiental, 01/11/2013 16:20

Energia: Conforme os dados anunciados pelo governo no final do ano passado, a meta é construir 34 hidrelétricas na próxima década

Gilberto Cervinski e Guilherme Weimann, Brasil de Fato, no MAB

Conforme o “Plano Decenal de Expansão de Energia 2021”, o Governo prevê a construção de 34 hidrelétricas nos próximos 10 anos, sendo que 15 serão nos rios da Amazônia (86,5% da potência). Seguindo a atual política de tratamento, milhares de famílias serão expulsas sem receber seus direitos.
Desde a falta de abastecimento de energia elétrica em 2001, conhecida como “apagão”, houve um esforço crescente de convencer a população da necessidade de construção de hidrelétricas para suprir o consumo.
Entre 2004 e 2012, o potencial hidrelétrico instalado subiu de 90 GW para 120 GW, um crescimento de 30% na geração de energia. Conforme os dados anunciados pelo governo no final do ano passado, a meta é construir 34 hidrelétricas na próxima década.
Atualmente, 15 usinas hidrelétricas (UHEs) se encontram em construção no país, somando cerca de 22.00 MW de potência. Outras 19 UHEs, que somam 19.700 MW, estão na lista para serem leiloadas.
Também serão construídas dezenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), usinas hidrelétricas de pequeno porte, que poderão acrescentar mais 2.500 MW de potência até o ano de 2021. Além disso, outras 29 UHEs, com potencial de 8.900 MW, estão em “estudo de viabilidade” e também poderão entrar nos planos de leilões.
Entretanto, diversos especialistas, organizações e movimentos sociais ligados à energia contestam essa política de geração voltada para atender os interesses dos grandes consumidores eletrointensivos, exportadores de produtos de matéria prima.
Em 2009, segundo o professor da USP, Célio Bermann, cerca de 30% da energia elétrica produzida no país foi consumida por seis ramos de grandes consumidores industriais – cimento, ferro-gusa e aço (siderurgia), ferro ligas, não ferrosos (alumínio), química, papel e celulose.
São produtos que se utilizam de muita energia, geram um grande impacto social e ambiental, não agregam valor e são destinados à exportação.
O questionamento fundamental sobre as usinas tem sido “para que? e para quem?”. Já que, na atual forma de organização da política energética percebe-se que por trás estão grandes empresas mundiais de máquinas e equipamentos, construtoras, empresas de energia e grandes consumidores industriais eletrointensivos, que lucram com a construção das usinas, com a venda da energia e com a exportação de eletrointensivos.
População atingida poderá chegar a 250 mil
O governo estima que apenas 62 mil pessoas serão diretamente afetadas pela totalidade dos projetos, mas estes dados são contestáveis. Somente em duas hidrelétricas que fazem parte destes planos, nas usinas de Belo Monte e no projeto de Marabá, são mais de 60 mil pessoas atingidas.
O próprio governo, até hoje, não possui nenhum cadastro ou levantamento preciso do número da população atingida por todas estas usinas. Nas já construídas, a realidade mostra que o número real de atingidos chega a ser quatro vezes maior da estimativa do governo.
Essas práticas tem sido constantes e serve para a negação dos direitos dos atingidos pelas empresas. A ausência de informações mais precisas por parte do governo sobre as populações que serão vítimas das usinas é a primeira demonstração das violações de direitos que ali serão cometidos posteriormente.
Área alagada
A área alagada pelos novos projetos está estimada em 6.456 Km², ou seja, 645 mil hectares. A área é 10% maior que todo território do Distrito Federal. No entanto, este cálculo pode estar subdimensionado.

Com a crise econômica mundial, na busca por maiores lucros, as corporações transnacionais estão se movimentando para retomar a construção de usinas com grandes lagos, as chamadas “usinas de acumulação”. Se o governo ceder ao lobby dos empresários, os problemas sociais e ambientais se multiplicarão.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

BRASIL OCUPA 66 LUGAR EM ÍNDICE DE SAÚDE DO OCEANO...

Metodologia que mede se as nações utilizam os recursos e benefícios do oceano de maneira sustentável dá nota 66, de 100, para o Brasil. O país ficou um ponto acima da média global, sendo melhor avaliado nos quesitos “oportunidades de pesca artesanal” e “armazenamento de carbono”

Brasil ganha nota 66 em Índice de Saúde do Oceano

Rede Sustentabilidade, 23 de outubro de 2013
Os resultados da edição 2013 do Índice de Saúde do Oceano (OHI) foram divulgados e o Brasil foi aprovado – mas sem muito louvor. Em uma escala de 0 a 100, o país ganhou nota 66 na metodologia – que avalia se as nações utilizam os recursos e benefícios do oceano de maneira sustentável -, conquistando o 87º lugar, em um ranking de 220 posições.
Para chegar a este resultado, o Índice – aplicado colaborativamente por cientistas, universidades, organizações sem fins lucrativos e agências governamentais de diferentes partes do mundo – avaliou mais de 200 Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE), em 10 quesitos:


- águas limpas;
- armazenamento de carbono;
- biodiversidade;
- economia e subsistência costeira;
- identidade local;
- oportunidades de pesca artesanal;
- produtos naturais;
- proteção costeira;
- provisão de armazenamento e
- turismo e recreação.

O Brasil foi melhor avaliado nas categorias “oportunidades de pesca artesanal”, com 99 pontos, e “armazenamento de carbono”, com 92. O pior quesito foi “produtos naturais”: tiramos nota 15 quanto à capacidade de exportar produtos provenientes do oceano, como peixes ornamentais, óleo de peixe, algas, conchas e esponjas.
A SAÚDE DO OCEANO NO RESTO DO MUNDO
As ilhas Heard e Mcdonald, região deserta do Oceano Antártico que faz parte da Austrália, foram as mais bem pontuadas no ranking, com 94 pontos, seguidas pela Ilha Saba, que fica no Caribe e integra a Holanda (90 pontos). Na outra ponta do ranking, Guiné Bissau teve o pior desempenho (41 pontos), seguido por República Democrática do Congo e Libéria, ambas com nota 42 na avaliação.
A média global do Índice de Saúde do Oceano foi 65 – ou seja, o Brasil está, apenas, um ponto acima da média global.
“Para um país com as dimensões oceânicas e o potencial que tem o Brasil, a nota posicionada em torno da média indica que existe muito espaço para um gerenciamento mais eficaz dos oceanos, visando a sustentabilidade dos recursos e garantindo o bem-estar dos seres humanos”, conclui André Guimarães, diretor executivo da Conservação Internacional (CI-Brasil), uma das organizações que participa do OHI.
Fonte: REDE SUSTENTABILIDADE

sábado, 19 de outubro de 2013

O DESAFIO DA USINA ATÔMICA DE FUKUSHIMA...

FUKUSHIMA DENTRO DE UM MÊS E MEIO, PODERÁ SER PALCO DO MOMENTO MAIS PERIGOSO PARA A HUMANIDADE!

Nós estamos agora, a cerca de um mês e meio do que pode ser o momento mais perigoso para a humanidade desde a crise dos mísseis em Cuba. Não há desculpas para não agir. Todos os recursos precisam estar focados no tanque de combustível do reator quatro de Fukushima.
A empresa proprietária de Fukushima, a Tokyo Electric (Tepco), diz que daqui cerca de 45 dias eles começarão a tentar remover mais de 1.300 tubos de combustível de um dos tanques que está bastante danificado a cerca de 50 metros do chão. Este tanque está em cima de um prédio muito danificado que está afundando, entortando e pode facilmente cair com o próximo terremoto ou até mesmo sozinho.
As quase 400 toneladas de combustível naquela piscina podem derramar 15 mil vezes mais radiação do que foi derramada em Hiroshima.
A única coisa certa sobre essa crise é que a Tepco não tem os recursos financeiros ou científicos para lidar com a situação. Nem mesmo o governo japonês. A situação demanda de um esforço mundial coordenado dos melhores cientistas e engenheiros que nossa espécie pode prover.
Por que isso é tão sério?
Nós já sabemos que milhares de toneladas de água muito contaminada estão vazando de Fukushima desde 2011 e indo direto para o oceano Pacífico. Já foram encontrados cardumes de sardinha com traços de contaminação na costa da Califórnia… E nós devemos esperar coisas muito piores.
O governo proibiu a pesca na região após encontrarem peixes com o nível de radioatividade 10 vezes acima do comum.
A Tepco continua a jogar mais e mais água na região dos três núcleos dos reatores destruídos para de alguma forma mantê-los resfriados. O vapor que sai destes indica que a fissão nuclear pode ainda estar ocorrendo no subsolo. Mas ninguém sabe exatamente onde estes núcleos estão.
Esta água jogada torna-se radioativa ao entrar em contato com o núcleo. Como não pode ser descartada, sua maioria está agora armazenada em milhares de enormes porém frágeis tanques que foram montados com pressa em volta do local. Muitos já estão vazando. Eles podem simplesmente se desmontar no próximo terremoto, liberando milhares de toneladas de veneno permanente no Pacífico.
Tanques armazenando água radioativa.
A água que está sendo jogada no local está prejudicando as bases das estruturas que sobraram, inclusive a do prédio que suporta o tanque de combustível da unidade quatro.
Mais de 6.000 varas de combustível estão em um tanque apenas a cinquenta metros da unidade quatro. Algumas destas contendo plutônio. O tanque não tem nenhuma contenção extra, está vulnerável à perda do isolamento estrutural, ao colapso de algum prédio próximo, outro terremoto, outra tsunami e mais.
No geral, mais de 11.000 varas de combustível estão espalhadas ao redor da Fukushima. De acordo com o especialista do departamento de energia Robert Alvarez, há cerca de 85 vezes mais césio no local do que o que foi liberado em Chernobyl. Pontos de radioatividade continuam sendo encontrados em todo o Japão. Há indicações de áreas com grande incidência de problemas na tireoide de crianças.
A missão principal é que estas varas de combustível devem sair de alguma forma com segurança deste tanque de combustível do reator quatro o mais rápido possível.
Qual o risco que estas varas de combustível apresentam?
O combustível gasto têm de ser mantido de alguma forma debaixo da água. É revestido em uma liga de zircônio que irá entrar em ignição espontaneamente se exposto ao ar. Usado por muito tempo em lâmpadas de flash de câmeras fotográficas, o zircônio queima com uma chama extremamente clara e quente.
Cada bastão emite radiação o suficiente para matar alguém próximo a ela em questão de minutos. A ignição de uma poderia forçar toda a equipe a abandonar o local e deixaria equipamentos elétricos inutilizados.
De acordo com Arnie Gunderson, uma engenheira nuclear com quarenta anos de experiência em uma indústria que fabrica estas varas de combustível, as que estão dentro do reator da unidade quatro estão tortas, danificadas e trincadas ao ponto de quebrarem. As câmeras mostraram quantidades preocupantes de destroços no tanque de combustível, que parece estar bem danificado.
Os desafios de esvaziar este tanque são cientificamente enormes, diz Gundersen. Mas deverá ser feito com 100% de perfeição.
Se a tentativa falhar, as varas podem ser expostas ao ar e pegar fogo, liberando quantidades horroríficas de radiação na atmosfera. O tanque pode cair no chão, derrubando as varas juntas em uma pilha que poderia ativar a fissão e explodir. O resultado seria uma nuvem radioativa que ameaçaria a segurança e saúde do mundo todo.
Os primeiros vestígios de radiação que Chernobyl emitiu chegaram na Califórnia em dez dias. Os vestígios de Fukushima chegaram em menos de uma semana. Um novo incêndio no tanque de combustível do reator quatro pode derrubar uma corrente contínua de radiação venenosa por séculos.
O embaixador aposentado Mitsuhei Murada diz que se esta operação der errado, “destruiria o ambiente mundial e nossa civilização. Não é ciência astronômica ou se conecta com debates sobre plantas nucleares. Esse é um assunto sobre a sobrevivência humana”.
Nem a Tokyo Electric ou o governo do Japão pode fazer isso sozinho. Não há desculpas para não organizar um esforço em conjunto mundial dos melhores engenheiros e cientistas disponíveis.
O relógio está contando e não podemos evitá-lo. O desfecho de um possível desastre nuclear mundial está quase batendo na porta. Para ajudar, a melhor coisa que você pode fazer é passar esta informação para outras pessoas afim de mobilizar e conscientizar o mundo do perigo que estamos enfrentando e assim pressionar as autoridades a se organizarem.
Traduzido e adaptado dos blogs: Common Dreams e Sobrivencialismo.com

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

TEMPERATURA DO PLANETA PODERÁ SUBIR ENTRE 0,3 E 4,8 C NESTE SÉCULO XXI...

Foto: Getty Images
O IPCC considera agora "extremamente provável" que a influência humana seja a principal causa do aquecimento global observado desde medos do século XX. Os especialistas calculam esta certeza em 95%, contra 90% do relatório anterior de 2007.

O relatório, de 30 páginas, é uma síntese de mais de 9.000 estudos científicos publicados e foi ratificado por 110 governos representados em Estocolmo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao IPCC por sua "avaliação regular e imparcial" da mudança climática.
"Este novo relatório será essencial para os governos que trabalham para alcançar acordos ambiciosos e legalmente vinculantes sobre a mudança climática em 2015", completou Ban, em um discurso exibido por vídeo durante a entrevista coletiva de apresentação do texto.
O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta sexta-feira à comunidade internacional uma ação forte e uma cooperação maior.
"Se já existiu um tema que pediu mais cooperação, parceria e compromisso diplomático, é este", afirma Kerry em um comunicado.
"Apenas a ação dos seres humanos pode salvar o mundo dos piores impactos" que pesam sobre o planeta, completou.
"A verdade incômoda se confirma", consideraram as principais ONGs ecologistas - Greenpeace, Oxfam, WWF e Amigos da Terra.
"Depois de 25 anos de relatórios do IPCC, a verdade incômoda se confirma: a mudança climática é real, ocorre em um ritmo alarmante e as atividades humanas, principalmente a combustão, a provocam", indicaram em um comunicado conjunto estas ONGs.
O painel analisa quatro cenários possíveis sobre as mudanças climáticas até 2100, mas sem um pronunciamento sobre a probabilidade de cada um virar realidade.
No caso mais otimista, a temperatura subirá 0,3°C, e na hipótese mais pessimista 4,8°C na comparação com a temperatura média do período 1986-2005.
A variação da temperatura dependerá em grande medida da emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera nas próximas décadas. A temperatura terrestre já aumentou quase 0,8°C desde a época pré-industrial.
"Para limitar a mudança climática é necessário reduzir substancialmente e de forma duradoura a emissão de gases do efeito estufa", afirma em um comunicado Thomas Stocker, co-presidente do painel.
Apenas o cenário mais otimista permitiria conter o aumento das temperaturas em 2ºC. "Mas isto só acontecerá com uma ação rápida", afirmou o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Michel Jarraud.
Aumento do nível do mar e fenômenos extremos
O IPCC também revisou em alta as previsões sobre o aumento do nível do mar, uma das principais consequências do aquecimento global: os cientistas acreditam agora que o nível pode subir entre 26 e 82 cm durante o século XXI, contra a estimativa de entre 18 e 59 cm divulgada em 2007.
Os especialistas avaliam de maneira aperfeiçoada agora o fenômeno do degelo das geleiras da costa da Groenlândia e do Antártico, que eleva o nível do mar.
Os especialistas da ONU também preveem que a mudança climática provocará novos fenômenos extremos, mas de magnitude ainda desconhecida.
"As ondas de calor acontecerão com mais frequência e durarão mais tempo. Com o aquecimento da Terra, acreditamos que acontecerão mais chuvas nas regiões úmidas e menos nas regiões secas, mas teremos exceções", disse Stocker.
O IPCC, criado há 25 anos pela ONU, tem por objetivo estabelecer um diagnóstico para orientar as decisões das autoridades políticas e econômicas, mas não propõe medidas de ação concretas.
O novo diagnóstico servirá de base para as negociações internacionais sobre o clima que pretendem alcançar um acordo em 2015. Os 195 países participantes querem limitar a 2°C o aumento da temperatura na comparação com a era pré-industrial.
Mas segundo o IPCC este ambicioso objetivo só será alcançado se for confirmado o cenário de um aumento de 0,3°C durante o século XXI.
"Sabemos que os esforços para limitar a mudança climática não são suficientes para inverter a tendência do aumento das emissões de gases do efeito estufa", disse Christiana Figueres, secretária executiva da ONU sobre o clima.
"Para tirar a humanidade da zona de perigo, os governos têm que adotar medidas imediatas e chegar a um acordo em 2015, na grande conferência da ONU prevista para Paris", completou.

domingo, 15 de setembro de 2013

UMA VERDADE CIENTIFICAMENTE COMPROVADA: OS AGROTÓXICOS FAZEM MAL À SAÚDE DAS PESSOAS E AO MEIO AMBIENTE...

Historicamente, o papel da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) é de produção de conhecimento científico pautado pela ética e pelo compromisso com a sociedade e em defesa da saúde, do ambiente e da vida. Essas instituições tiveram e têm contribuição fundamental na construção e no fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

Quando pesquisas desenvolvidas nas referidas instituições contrariam interesses de negócios poderosos, incluindo o mercado de agrotóxicos, que movimenta anualmente bilhões de reais, eventualmente elas sofrem ataques ofensivos que, transcendendo o legítimo debate público e científico, visam confundir a opinião pública utilizando subterfúgios e difamações para a defesa e manutenção do uso de substâncias perigosas à saúde e ao meio ambiente.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não se eximem de seus papéis perante a sociedade e cumprem a missão de zelar pela prevenção da saúde e proteção da população. Por esta razão têm se posicionado claramente no que diz respeito aos perigos que os agrotóxicos e outras substâncias oferecem à saúde e ao meio ambiente. Desde 2008, o Brasil lidera o ranking de uso de agrotóxicos, o que gera um contexto de alto risco e exige ações prementes de controle e de transição para modelos de produção agrícola mais justos, saudáveis e sustentáveis.

As pesquisas sociais, clínicas, epidemiológicas e experimentais desenvolvidas a partir de pressupostos da saúde coletiva, em entendimento à complexa determinação social do processo saúde-doença, envolvem questões éticas relativas às vulnerabilidades sociais e ambientais que necessariamente pertencem ao mundo real no qual as populações do campo e das cidades estão inseridas.

Neste sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco estão seguros do cumprimento de seu papel. Portanto, repudiam a acusação de que são guiados por um "viés ideológico" e sem qualidade científica. As referidas instituições defendem os interesses da saúde pública e dos ecossistemas, em consonância com os direitos humanos universais, e firmados pelos princípios constitucionais que regem o Brasil.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco atuam há décadas em parceria com diversas universidades e institutos de pesquisas, como a Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), em que atua o professor e pesquisador Wanderlei Pignati - citado em reportagem da revista Galileu mencionada abaixo -, e outros que desenvolvem pesquisas sobre os impactos dos agrotóxicos e de micronutrientes na saúde e no ambiente que são idôneas, independentes, críticas, com metodologias consistentes e livres de pressões de mercado. Tais pesquisas vêm revelando a gravidade, para a saúde de trabalhadores e da população em geral, do uso de agrotóxicos, e reforçam a necessidade de medidas mais efetivas de controle e prevenção, incluindo o banimento de substâncias perigosas já proibidas em outros países e o fim da pulverização aérea.

Dossiê Abrasco - Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúderegistra e difunde a preocupação de pesquisadores, professores e profissionais com a escalada ascendente de uso de agrotóxicos no Brasil e a contaminação do ambiente e das pessoas dela resultante, com severos impactos na saúde pública e na segurança alimentar e nutricional da população.

Os agrotóxicos podem causar danos à saúde extremamente graves, como alterações hormonais e reprodutivas, danos hepáticos e renais, disfunções imunológicas, distúrbios cognitivos e neuromotores e cânceres, dentre outros. Muitos desses efeitos podem ocorrer em níveis de dose muito baixos, como os que têm sido encontrados em alimentos, água e ambientes contaminados. Além disso, centenas de estudos demonstram que os agrotóxicos também podem desequilibrar os ecossistemas, diminuindo a população de espécies como pássaros, sapos, peixes e abelhas. Muitos desses animais também desempenham papel importante na produção agrícola, pois atuam como polinizadores, fertilizadores e predadores naturais de outros animais que atingem as lavouras. O Dossiê Abrasco cita dezenas dos milhares de estudos publicados em periódicos científicos nacionais e internacionais de renome que comprovam esses achados.

É direito da população brasileira ter acesso às informações dos impactos dos agrotóxicos. Faz-se necessário avançar na construção de políticas públicas que possam proteger e promover a saúde humana e dos ecossistemas impactados negativamente pelos agrotóxicos, assim como fortalecer a regulação do uso dessas substâncias no Brasil, por meio do SUS.

Nesse sentido, a Fiocruz, o Inca e a Abrasco repudiam as declarações do diretor-executivo da Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher, e de Ângelo Trapé, da Unicamp, veiculadas na revista Galileu nº 266, edição de setembro de 2013, e também na entrevista divulgada no site da publicação, que atentam contra a qualidade científica das pesquisas desenvolvidas nessas instituições e, em especial, contra o Dossiê Abrasco - Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde.

As palavras do diretor-executivo da Andef, que tentam desqualificar e macular a credibilidade dessas instituições, são inéditas, dado o prestígio nacional e internacional e a relevância secular que temos na área da pesquisa e formulação de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação em saúde, bem como na formação de profissionais altamente qualificados.

A Andef é uma associação de empresas que produzem e lucram com a comercialização de agrotóxicos no Brasil. Em 2010, o mercado dessas substâncias movimentou cerca de US$ 7,3 bilhões no país, o que corresponde a 19% do mercado global de agrotóxicos. As seis empresas que controlam esse segmento no Brasil são transnacionais (Basf, Bayer, Dupont, Monsanto, Syngenta e Dow) e associadas à Andef. As informações sobre o mercado de agrotóxicos no Brasil, assim como a relação de lucro combinado das empresas na venda de sementes transgênicas e venenos agrícolas, estão disponíveis no referido Dossiê Abrasco - Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na Saúde.

A Fiocruz, o Inca e a Abrasco não aceitarão pressões de setores interessados na venda de agrotóxicos e convocam a sociedade brasileira a tomar conhecimento e se mobilizar frente à grave situação em que o país se encontra, de vulnerabilidade relacionada ao uso massivo de agrotóxicos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

TERRA ENTRA NO VERMELHO COM DÍVIDA ECOLÓGICA 4 MESES ANTES DO FIM DE 2013...

20/08/201311h57

Os habitantes da Terra entraram novamente no "cheque especial" em termos de "dívida ecológica", depois de terem esgotado em apenas oito meses o equivalente aos recursos naturais que o planeta pode produzir em um ano sem comprometer sua reposição, anunciou a Global Footprint Network.
A ONG calcula todos os anos o dia em que o consumo da humanidade de recursos naturais - alimentos, matérias-primas, absorção de dejetos e de CO2 - ultrapassa o que a natureza pode gerar em um ano sem reduzir seu capital.
O chamado "Dia da Sobrecarga" (Overshoot Day) acontece neste 20 de agosto, segundo a ONG sediada nos Estados Unidos e presente na Europa e no Japão. Até 31 de dezembro, os humanos viverão de provisões que já estão superexploradas, como no caso dos peixes, por exemplo. E também viverão em um planeta mais poluído devido ao acúmulo de CO2 na atmosfera causando o aquecimento global.
Isso já aconteceu antes em meados de novembro dos anos 1980, em outubro nos anos 1990, em setembro nos anos 2000. Esta data simbólica e aproximada, que em 2012 aconteceu em 23 de agosto, é antecipada um pouco a cada ano. Isso demonstra um claro sinal, segundo a ONU, donível de vida cada vez menos sustentável dos habitantes da Terra, cada vez mais numerosos.


Veja as consequências do aquecimento global26 fotos
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2013: O aquecimento global está afetando o sabor e a textura das maçãs, mostram dados reunidos entre 1970 e 2010 em dois pomares do Japão que produzem as variedades Fuji e Tsugaru, as mais populares do mundo. A análise do Instituto Nacional de Ciência das Árvores Frutíferas, em Fujimoto, mostrou uma redução na acidez, na firmeza e no pingo de mel (uma doença que faz com que áreas encharcadas de água surjam na polpa da fruta), mas também observou um aumento na concentração de açúcar, o que fez a maçã ficar mais doce com o passar do tempo Leia mais Olga Maltseva/AFP
Dívida de um planeta e meio
Durante algum tempo, a Terra conseguiu suprir as necessidades dos homens sem se esgotar, mas o "limite crítico" foi atingido nos anos 1970 com a elevação do consumo e da população, recordou a Global Footprint Network, criada em 2003. E nossa "dívida ecológica" só fez crescer desde então.


Devedores ecológicos
País
Dívida
Japão
7,1
Catar
5,7
Suíça
4,2
Itália
4
Reino Unido
3,5
Grécia
3,1
China
2,5
Egito
2,4
Planeta Terra
1,5
Estados Unidos
1,9
Índia
1,8
França
1,6
·   Fonte: Global Footprint Network
Ao ponto em que hoje precisamos de "um planeta e meio" para responder de forma duradoura às necessidades dos habitantes da Terra durante um ano, enfatizou, por sua parte, a WWF, associada à operação.
De acordo com a ONG, os devedores ecológicos utilizam mais do que eles possuem.  Isso significa que, se os habitantes do Japão só consumissem os recursos produzidos dentro do país, no ritmo atual eles precisariam dispor de 7,1 Japões. Em outras palavras, sua pegada ecológica é 7,1 vezes maior do que sua biocapacidade.  
Se cada pessoa no mundo vivesse como um habitante médio dos Estados Unidos, seriam necessárias quatro Terras. Se cada habitante do planeta adotasse o nível de vida de um chinês, a cifra diminuiria, mas apenas um planeta ainda não seria suficiente - e sim 1,2 Terra.
"Hoje em dia, mais de 80% da população mundial nos países usam mais recursos que seus próprios ecossistemas podem renovar", advertiram as associações. "Globalmente, estamos numa trajetória na qual precisaremos dos recursos de dois planetas muito antes de meados do século 21."
Esta "dívida ecológica" crescente é, à semelhança da dívida financeira dos países, dificilmente sustentável por mais tempo, afirmou Alessandro Galli, diretor regional da Global Footprint Network para África do Norte e Oriente Médio.
"Os deficits ecológico e financeiro são as duas faces de uma mesma moeda. Em longo prazo, os países não podem enfrentar um deles sem se interessar pelo outro", afirma comunicado.

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