Governo
finlandês trabalha para aumentar a mata nativa local, que representa apenas de
2% a 10% das florestas do país
Foto: DiárioNet
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SABRINA BEVILACQUA
Especial da Finlândia para o Terra
Governo da Finlândia está
arrendando terras de proprietários locais que tenham florestas nativas para
preservar a biodiversidade do país. Trata-se de uma tentativa de chamar a
atenção dos donos dessas áreas para a conservação do meio ambiente. A mata natural
na Finlândia é pouca - representa apenas de 2% a 10% das florestas -, apesar de
o país ter o maior porcentual de áreas florestais do continente, com 76% de seu
território (23 milhões de hectares) coberto por florestas.
Segundo o professor de Meio
Ambiente e Recursos Econômicos da Universidade de Helsinque, Markku Ollikainen,
aproximadamente metade das florestas finlandesas é utilizada para fins
econômicos. A indústria florestal é uma das atividades com mais destaque na
economia local, com foco basicamente na exploração de madeira para atividades
como a produção de móveis e papel. O setor responde por 8% do Produto Interno
Bruto do país e por cerca de 30% das exportações. A importância econômica da
atividade levou a uma exploração desenfreada do solo. Como consequência, a
qualidade e o volume da madeira produzida começaram a cair.
Diante do quadro que
colocava em xeque a atividade industrial e a preservação ambiental, o governo
decidiu inovar sua relação com o setor florestal. Uma saída foi ajudar na melhoria
da gestão das áreas florestais - na Finlândia dois terços das florestas são
particulares. As medidas estão dando certo. Hoje o crescimento de árvores
supera o de corte. E a área protegida no sul do país dobrou, atingido 3% - no
norte o índice chega a 30%.
Os especialistas como
Ollikainen ponderam, entretanto, que só aumentar o número de áreas protegidas
não é suficiente. Para eles, o importante é que elas sejam naturais. Ollikainen
ressalta a necessidade de pensar na biodiversidade. Argumenta que as florestas
plantadas não garantem a sobrevivência de metade das espécies existentes no
país - 38% dos animais em extinção vivem em florestas. "Precisamos
encontrar maneiras de elevar o valor das florestas naturais em pé e de manter a
nossa biodiversidade. E o arrendamento de propriedades é uma maneira de
fazê-lo", afirma o professor.
Pelo projeto, o governo faz
um estudo da fauna e flora das propriedades candidatas a participar do programa
e, se considerar que o local é importante para a conservação da biodiversidade,
firma um acordo de arrendamento por dez anos. Durante esse período, o local não
pode ser explorado. Segundo Ollikainen, o proprietário pode receber valores que
variam de 3 mil euros a 10 mil euros por hectare para os dez anos, dependendo do
potencial de biodiversidade identificado que estará sendo preservado.
Após o arrendamento, o dono
da terra pode retomar o local para desenvolver atividades, renovar o acordo ou
vender para o governo. Em caso de compra pelo Estado, o local será transformado
em área preservação permanente.
De acordo com Ollikainen
alguns proprietários já demonstraram interesse em vender as terras para o
governo. "Conheço alguns casos em que as negociações para proteção
permanente já começaram", conta.
O programa do governo é uma
alternativa econômica principalmente para pequenos proprietários ou famílias
que utilizam suas terras para recreação - um finlandês de cada cinco tem uma
área com floresta em sua propriedade. O pagamento aos pequenos proprietários
também funciona como um seguro futuro, uma vez que a venda de madeira e de
papel para Europa e Estados Unidos vem diminuindo ano após ano.
Ollikainen ressalta que o
projeto pôs fim às ações mandatórias do governo que não resolviam os problemas
econômico e ambiental. Ele explica que quando uma espécie rara era encontrada
em uma terra particular, as autoridades proibiam o dono de exercer qualquer
atividade no local. A medida teve efeito inverso. Para evitar problemas com o
Estado, os proprietários passaram a exterminar os animais. Em alguns casos,
quando não conseguiam encontrá-los, derrubavam a floresta toda antes que o
governo tivesse tempo de agir. Na opinião do professor, o programa do governo
deu uma nova dimensão à área florestal e sugere que o patrimônio de espécies e
animais poderá ser preservado para gerações futuras.
Fonte: Terra Notícias/Painel Florestal
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