José Eduardo Petrilli Mendes
Pesquisador Sênior da Fibria Celulose
Com o advento da globalização, da abertura e do crescimento de mercados internacionais, dos grandes acordos comerciais e da criação de grupos de livre comércio, a venda de commodities em geral, dentre elas a celulose, atingiu níveis elevados nos últimos anos, período em que novas plantas industriais entraram em operação.
Atrelados ao aumento da demanda por celulose, estão
o aumento da consciência coletiva relacionada ao meio ambiente e à
sustentabilidade da produção e dos negócios e, consequentemente, das cobranças
em relação à padronização produtiva, qualidade dos produtos, respeito ao homem,
à sociedade e ao meio ambiente.
Nesse cenário, a certificação florestal demonstra o
cumprimento de padrões dos processos produtivos, pautados em normas, princípios
e critérios preestabelecidos. Como exemplos, podem-se citar o FSC - Forest
Stewardship Council e o Cerflor, além das normas ISO e OHSAS.
O setor florestal brasileiro se destaca em escala
mundial em função das altas produtividades obtidas e das tecnologias produtivas
empregadas. O MIPF - Manejo Integrado de Pragas Florestais se destaca como uma
ferramenta fundamental à viabilidade dos plantios comerciais altamente
produtivos. Como pilares básicos de sustentação do MIPF, podem ser citados:
• O planejamento de plantio, por meio do manejo da
paisagem, prioriza a diversidade biológica, a conectividade entre áreas de
conservação, os mosaicos genéticos e por idades, as unidades de manejo por
bacias hidrográficas e os direcionadores de colheita;
• A recomendação de materiais genéticos para o
plantio leva em consideração, além das características tradicionais do
melhoramento clássico florestal, as fenotipagens em condições controladas para
as principais pragas e doenças do eucalipto, a verificação de adaptação aos
sítios de plantio, complementada ainda pela instalação de campos de prova para
doenças de grande importância, evitando o plantio de clones que sejam
suscetíveis aos principais desafios fitossanitários da cultura;
• As práticas de manejo são sempre as mais
adequadas aos locais de plantio, incluindo diferentes formas de preparo do
solo, com base em análises físicas e do relevo, priorizando o uso do cultivo
mínimo. O espaçamento de plantio é variável de acordo com a capacidade dos
sítios, e as fertilizações são baseadas em análises químicas do solo.
A adequação dos níveis nutricionais das plantas é
monitorada e corrigida quando necessário. Sempre que possível, os resíduos da
colheita anterior são mantidos na área. O manejo por talhadia é recomendado
apenas para clones com bom status fitossanitário, e o manejo de matocompetição
é realizado mediante avaliações prévias e com técnicas adequadas para cada
situação;
• Os monitoramentos populacionais das pragas,
feitos de forma personalizada por região de atuação e por praga alvo, por
sistemas especialistas, de forma customizada, têm como foco definir onde,
quando e como devem ser tomadas ações de manejo. Adicionalmente, materiais de
suporte à diagnose fitossanitária estão disponíveis online para consulta;
• O controle natural das populações é privilegiado
pelas ações já mencionadas, favorecendo o equilíbrio biológico. Os controles biológicos
clássico e aplicado são as primeiras ações a serem tomadas, atuando sempre nos
momentos adequados para a sua aplicação;
• O controle químico é a última alternativa
aplicada no MIPF, onde são usados produtos seletivos, de alta eficácia, que
tenham as melhores características de segurança ambiental e ocupacional
possíveis e nos melhores níveis de localização;
• As premissas de
aplicação do MIPF são convergentes com os requisitos de certificação florestal
e devem ser aplicadas em qualquer empreendimento florestal. Essa aplicação
atende plenamente aos requisitos das certificações florestais e à maioria das
condicionantes dos processos de derrogação de químicos do FSC (autorização para
uso temporário de um produto considerado “altamente perigoso” pelo FSC,
mediante o atendimento de condicionantes vinculadas à sua aplicação).
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