sábado, 8 de junho de 2013

400 ppm de CO2: RECORDE PLANETÁRIO NA ATMOSFERA!



Quais os principais desafios daqui pra frente em um mundo com a atmosfera saturada de gases estufa e emissões ainda crescentes?

Pela primeira vez, em 3 milhões de anos, observatórios internacionais registraram um volume recorde de gases estufa na atmosfera. A Terra registrou 400 partes por milhão de dióxido de carbono, um nível considerado limite pelos cientistas para evitar os piores cenários do clima. Segundo o painel intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, acima de 400 ppm de

CO2 a temperatura média do planeta poderá subir entre 2 e 6 graus centígrados até o final deste século. Entre as muitas consequêcias previstas estão a aceleração do degelo, tempestades mais violentas, graves impactos sobre a biodiversidade e milhões de refugiados ambientais que terão que buscar um outro lugar pra viver.

O Cidades e Soluções vai discutir este marco em um programa especial, com os entrevistados Sérgio Besserman (economista da FGV, professor da PUC, assessor especial da Prefeitura do RJ e especialista em mudanças climáticas) e Roberto Schaeffer (Professor de Planejamento Energético da COPPE e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU).
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um rascunho do documento com os 10 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.  O texto ainda é um esboço das metas que devem ser alcançadas a partir de 2015. A proposta foi desenhada por um grupo internacional de especialistas de diversas áreas e ficará aberta para consulta pública até o dia 22. Para vê-lo, acesse o site www.unsdsn.org/resources/draft-report-public-consultation.  As sugestões poderão ser incorporadas em um texto que será analisado pela Assembleia Geral da ONU, em setembro deste ano. A definição dessas metas era esperada como resultado da conferência do Rio no ano passado. O documento parte das diretrizes do texto da Rio+20 e, assim como ele, traz metas bem genéricas que devem entrar em vigor a partir de 2015 porque é quando termina o prazo para serem atingidos os objetivos do desenvolvimento do milênio, estabelecidos pela ONU. E os temas são os mais diversos:
1 – erradicar a pobreza extrema, inclusive a fome
2 – alcançar o desenvolvimento dentro dos limites planetários
3 – assegurar o aprendizado efetivo de todas crianças e jovens para a vida e a subsistência
4 – alcançar a igualdade de gêneros, a inclusão social e os direitos humanos
5 – alcançar a saúde e o bem-estar para todas as idades
6 – melhorar os sistemas agrícolas e aumentar a prosperidade rural
7 – tornar as cidades mais inclusivas, produtivas e resilientes
8 – refrear as mudanças climáticas e garantir energia limpa para todos
9 – proteger os serviços ecossistêmicos, a biodiversidade e a boa gestão dos recursos naturais
10 – ter uma governança voltada para o desenvolvimento sustentável.

Já em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), grupo dos mais reconhecidos especialistas de todo o mundo no âmbito da Organização das Nações Unidas (ONU), concluiu que o aumento a partir de 2°C na temperatura média do planeta já ocasionaria mudanças significativas no clima global.
Efeitos como o degelo nas áreas polares e o aumento do nível dos oceanos, até a maior frequência e gravidade de eventos climáticos extremos e por consequência refugiados ambientais, seriam então sentidos – principalmente pelos países e pessoas mais pobres, sem recursos para prevenir e remediar tais problemas.
A elevação da temperatura média do planeta revela inúmeras implicações, como a migração de quem vive nas regiões costeiras, por conta do aumento do nível dos oceanos; a suspensão do abastecimento regular de água nos períodos de estiagem em países como China, Índia e Peru, devido ao degelo das cordilheiras dos Andes e Himalaias; perdas de espécies marinhas pela acidificação e aumento de temperatura dos oceanos – com reflexos sociais e econômicos àqueles que sobrevivem da pesca.
Além disso, a recorrência de fenômenos como furacões, ciclones, tornados e secas provavelmente evidenciará a urgência na definição de medidas de controle e redução das emissões, tais como protocolos de segurança e alertas meteorológicos. No Brasil, imagine quantos prejuízos não causaria a alteração do regime de chuvas.
Para que tudo isso ocorra, basta, concluíram os cientistas, que a concentração de gás carbônico (CO²) na atmosfera atinja 400ppm (partes por milhão)! A partir desse marco, passa a ser certo o aumento de no mínimo 2ºC. Pois, adivinhem: a humanidade atingiu o número alarmante, no último dia 9 de maio, conforme anunciou a ONU! Isto quer dizer que a cada 1 milhão de moléculas na atmosfera, 400 são de dióxido de carbono. O indicador deveria ser ouvido como um grito de socorro.
Segundo o IPCC, permanecer nesse ritmo progressivo de emissões pode vir a significar um aumento de até 6,4 ºC graus na temperatura média do planeta até o final do século. Os 10 anos mais quentes desde 1880, ocorreram, justamente, a partir de 1996.
Os céticos do clima diriam que a Terra já passou por outros momentos de mudanças climáticas. Ainda que a discussão possa parecer legítima (dependendo da intenção de quem defende que o aquecimento global não existe), é fato reconhecido pelo IPCC que a rapidez das mudanças do clima de agora nunca antes foram registradas e que as causas – pasmem! - são as atividades humana.
A humanidade não se satisfaz com a capacidade do planeta em absorver 5 bilhões de toneladas por ano de gases de efeito estufa. A quantidade de gases emitidos em 2008, por exemplo, foi de 7,9 bilhões de toneladas pela queima de combustíveis fósseis e 1,5 bilhão de toneladas por desmatamentos. O excedente de 4,4 bilhões de toneladas está acumulado, intensificando a retenção de calor.
Enquanto na atmosfera terrestre se acumulam os 400 ppm, as emissões não estão diminuindo, pelo contrário, só aumentam. E, o Protocolo de Quioto (1997)... Esse alerta continuará a ser, simplesmente, ignorado? O que os governos, empresas e cidadãos estão efetivamente fazendo para reduzir suas emissões de Gases de Efeito Estufa?
Mudanças são essenciais para que haja, no mínimo, o controle desse quadro. Chegou-se a um ponto irreversível, já se sabe que efeitos serão sentidos. A questão passou a ser minimizar a gravidade da situação e as providências precisam caminhar em direção à adaptação da sociedade ao novo contexto.
Aprender a fazer mais com menos e cultivar novos padrões de consumo são lições importantes para a geração atual aprender e talvez o maior legado para as futuras gerações, já prejudicadas pelas ações de seus antepassados.
Justamente quando deveria acabar, a lacuna entre discurso e prática se mostra mais evidente. Governos, é essencial adotar medidas imediatas, como a criação de restrições quanto às altas emissões, a imposição obrigatória de gases de efeito estufa, o incremento de áreas verdes, o desestímulo ao automóvel, planejamento urbano, estímulo às fontes alternativas de energia, entre outros inúmeros ingredientes que possam garantir mais qualidade ambiental (e vida) no planeta. Com a receita em mãos, o próximo passo é arregaçar as mangas.


Fonte: Mundo Sustentável / Máster Ambiental

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