Quais os principais desafios
daqui pra frente em um mundo com a atmosfera saturada de gases estufa e
emissões ainda crescentes?
Pela primeira vez, em 3
milhões de anos, observatórios internacionais registraram um volume
recorde de gases estufa na atmosfera. A Terra registrou 400 partes por
milhão de dióxido de carbono, um nível considerado limite pelos
cientistas para evitar os piores cenários do clima. Segundo o painel
intergovernamental de mudanças climáticas da ONU, acima de 400 ppm de
CO2
a temperatura média do planeta poderá subir entre 2 e 6 graus centígrados
até o final deste século. Entre as muitas consequêcias previstas estão a
aceleração do degelo, tempestades mais violentas, graves impactos sobre a
biodiversidade e milhões de refugiados ambientais que terão que buscar um
outro lugar pra viver.
O Cidades e Soluções vai
discutir este marco em um programa especial, com os entrevistados Sérgio
Besserman (economista da FGV, professor da PUC, assessor especial da
Prefeitura do RJ e especialista em mudanças climáticas) e Roberto
Schaeffer (Professor de Planejamento Energético da COPPE e membro do
Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU).
A Organização
das Nações Unidas (ONU) divulgou um rascunho do documento com os 10
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. O texto ainda é um esboço
das metas que devem ser alcançadas a partir de 2015. A proposta foi desenhada
por um grupo internacional de especialistas de diversas áreas e ficará aberta
para consulta pública até o dia 22. Para vê-lo, acesse o site www.unsdsn.org/resources/draft-report-public-consultation. As
sugestões poderão ser incorporadas em um texto que será analisado pela
Assembleia Geral da ONU, em setembro deste ano. A definição dessas metas era
esperada como resultado da conferência do Rio no ano passado. O documento parte
das diretrizes do texto da Rio+20 e, assim como ele, traz metas bem
genéricas que devem entrar em vigor a partir de 2015 porque é quando
termina o prazo para serem atingidos os objetivos do desenvolvimento do
milênio, estabelecidos pela ONU. E os temas são os mais diversos:
1
– erradicar a pobreza extrema, inclusive a fome
2 – alcançar o desenvolvimento dentro dos limites planetários
3 – assegurar o aprendizado efetivo de todas crianças e jovens para a vida e a subsistência
4 – alcançar a igualdade de gêneros, a inclusão social e os direitos humanos
5 – alcançar a saúde e o bem-estar para todas as idades
6 – melhorar os sistemas agrícolas e aumentar a prosperidade rural
7 – tornar as cidades mais inclusivas, produtivas e resilientes
8 – refrear as mudanças climáticas e garantir energia limpa para todos
9 – proteger os serviços ecossistêmicos, a biodiversidade e a boa gestão dos recursos naturais
10 – ter uma governança voltada para o desenvolvimento sustentável.
2 – alcançar o desenvolvimento dentro dos limites planetários
3 – assegurar o aprendizado efetivo de todas crianças e jovens para a vida e a subsistência
4 – alcançar a igualdade de gêneros, a inclusão social e os direitos humanos
5 – alcançar a saúde e o bem-estar para todas as idades
6 – melhorar os sistemas agrícolas e aumentar a prosperidade rural
7 – tornar as cidades mais inclusivas, produtivas e resilientes
8 – refrear as mudanças climáticas e garantir energia limpa para todos
9 – proteger os serviços ecossistêmicos, a biodiversidade e a boa gestão dos recursos naturais
10 – ter uma governança voltada para o desenvolvimento sustentável.
Já
em 2007, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), grupo
dos mais reconhecidos especialistas de todo o mundo no âmbito da Organização
das Nações Unidas (ONU), concluiu que o aumento a partir de 2°C na temperatura
média do planeta já ocasionaria mudanças significativas no clima global.
Efeitos
como o degelo nas áreas polares e o aumento do nível dos oceanos, até a maior
frequência e gravidade de eventos climáticos extremos e por consequência
refugiados ambientais, seriam então sentidos – principalmente pelos países e
pessoas mais pobres, sem recursos para prevenir e remediar tais problemas.
A
elevação da temperatura média do planeta revela inúmeras implicações, como a
migração de quem vive nas regiões costeiras, por conta do aumento do nível dos
oceanos; a suspensão do abastecimento regular de água nos períodos de estiagem
em países como China, Índia e Peru, devido ao degelo das cordilheiras dos Andes
e Himalaias; perdas de espécies marinhas pela acidificação e aumento de
temperatura dos oceanos – com reflexos sociais e econômicos àqueles que
sobrevivem da pesca.
Além
disso, a recorrência de fenômenos como furacões, ciclones, tornados e secas
provavelmente evidenciará a urgência na definição de medidas de controle e
redução das emissões, tais como protocolos de segurança e alertas
meteorológicos. No Brasil, imagine quantos prejuízos não causaria a alteração
do regime de chuvas.
Para
que tudo isso ocorra, basta, concluíram os cientistas, que a concentração de
gás carbônico (CO²) na atmosfera atinja 400ppm (partes por milhão)! A partir
desse marco, passa a ser certo o aumento de no mínimo 2ºC. Pois, adivinhem: a
humanidade atingiu o número alarmante, no último dia 9 de maio, conforme
anunciou a ONU! Isto quer dizer que a cada 1 milhão de moléculas na atmosfera,
400 são de dióxido de carbono. O indicador deveria ser ouvido como um grito de
socorro.
Segundo
o IPCC, permanecer nesse ritmo progressivo de emissões pode vir a significar um
aumento de até 6,4 ºC graus na temperatura média do planeta até o final do
século. Os 10 anos mais quentes desde 1880, ocorreram, justamente, a partir de
1996.
Os
céticos do clima diriam que a Terra já passou por outros momentos de mudanças
climáticas. Ainda que a discussão possa parecer legítima (dependendo da intenção
de quem defende que o aquecimento global não existe), é fato reconhecido pelo
IPCC que a rapidez das mudanças do clima de agora nunca antes foram registradas
e que as causas – pasmem! - são as atividades humana.
A
humanidade não se satisfaz com a capacidade do planeta em absorver 5 bilhões de
toneladas por ano de gases de efeito estufa. A quantidade de gases emitidos em
2008, por exemplo, foi de 7,9 bilhões de toneladas pela queima de combustíveis
fósseis e 1,5 bilhão de toneladas por desmatamentos. O excedente de 4,4 bilhões
de toneladas está acumulado, intensificando a retenção de calor.
Enquanto
na atmosfera terrestre se acumulam os 400 ppm, as emissões não estão
diminuindo, pelo contrário, só aumentam. E, o Protocolo de Quioto (1997)...
Esse alerta continuará a ser, simplesmente, ignorado? O que os governos,
empresas e cidadãos estão efetivamente fazendo para reduzir suas emissões de
Gases de Efeito Estufa?
Mudanças
são essenciais para que haja, no mínimo, o controle desse quadro. Chegou-se a
um ponto irreversível, já se sabe que efeitos serão sentidos. A questão passou
a ser minimizar a gravidade da situação e as providências precisam caminhar em
direção à adaptação da sociedade ao novo contexto.
Aprender
a fazer mais com menos e cultivar novos padrões de consumo são lições
importantes para a geração atual aprender e talvez o maior legado para as
futuras gerações, já prejudicadas pelas ações de seus antepassados.
Justamente
quando deveria acabar, a lacuna entre discurso e prática se mostra mais evidente.
Governos, é essencial adotar medidas imediatas, como a criação de restrições
quanto às altas emissões, a imposição obrigatória de gases de efeito estufa, o
incremento de áreas verdes, o desestímulo ao automóvel, planejamento urbano,
estímulo às fontes alternativas de energia, entre outros inúmeros ingredientes
que possam garantir mais qualidade ambiental (e vida) no planeta. Com a receita
em mãos, o próximo passo é arregaçar as mangas.
Fonte: Mundo Sustentável / Máster Ambiental
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