A partir de agora, um novo tipo
de vegetação passará a constar oficialmente em mapeamentos florestais do país.
A Floresta Estacional Sempre-Verde, que existe apenas no estado de Mato Grosso,
já havia sido identificada há alguns anos, mas só agora passou a constar
oficialmente no Sistema de Classificação da Vegetação Brasileira. A descrição
do novo tipo de vegetação aparece na segunda edição do Manual Técnico da
Vegetação Brasileira, lançada ontem (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
O livro, elaborado por
engenheiros florestais, agrônomos, biólogos, geógrafos e geólogos, traz
metodologias para a realização de estudos, mapeamentos e pesquisas da vegetação
no país. Também chamada de Floresta Estacional Perenifólia, a vegetação se
caracteriza pela manutenção de uma coloração muito verde, mesmo em períodos de
estiagens.
A floresta se estende por toda a
região da Bacia Sedimentar dos Parecis e parte das depressões do Guaporé,
Paraguai, Araguaia e Planalto do Tapirapuã. Segundo o IBGE, a vegetação ocorre
em áreas de clima tropical que tem duas estações bem distintas: uma chuvosa e uma
seca (que varia entre quatro e seis meses).
Três subtipos da vegetação foram
identificados: as variações aluvial, de terras baixas e de submontanha. Na
floresta aluvial, que pode ser encontrada nas calhas dos rios Culuene, Teles
Pires, Verde, Arinos, Sangue, Juruena, Juína, Jauru e Guaporé, as árvores têm,
em média 25 metros de altura.
A floresta das terras baixas pode
ser encontrada nos terrenos sedimentares das depressões dos rios Paraguai,
Guaporé e Araguaia, em altitudes em torno de 200 metros. Nesse subtipo de
floresta, as árvores têm, em média, de 35 a 40 metros de altura.
Já a floresta de submontanha, que
tem árvores medindo acima de 30 metros, ocorre nos terrenos sedimentares do
Planalto dos Parecis, especialmente na região do Alto Xingu, em altitudes que
variam de 300 a 450 metros.
A Floresta Estacional
Sempre-Verde se junta a outros tipos de vegetação que ocorrem no Brasil, como
as florestas ombrófilas (típicas da Amazônia e da Mata Atlântica), as savanas e
a Caatinga.
Com a segunda edição do Manual
Técnico da Vegetação Brasileira – obra de referência para estudo, mapeamento e
pesquisa da vegetação no Brasil –, o IBGE torna públicas as metodologias que
utiliza nesse tipo de investigação e amplia o conhecimento na área. A
publicação incorpora os mais recentes avanços na pesquisa sobre a cobertura
vegetal no país: novos conceitos e informações, fundamentais para a elaboração
de políticas de manejo e conservação da biodiversidade brasileira, inclusive de
criação de mais unidades de conservação.
O Manual, desenvolvido por
engenheiros florestais, engenheiros agrônomos, biólogos, naturalistas,
geógrafos e geólogos, representa a fusão de duas publicações anteriores do IBGE
– a Classificação da Vegetação Brasileira, Adaptada a um Sistema Universal
(1991) e o Manual Técnico da Vegetação Brasileira (1ª. edição, 1992). A nova
edição, ilustrada com 55 figuras, 4 quadros e 110 fotografias, está dividida em
quatro capítulos: sistema fitogeográfico; inventário em formações florestais e
campestres; técnicas e manejo de coleções botânicas; e procedimentos para
mapeamento.
O conjunto dessas informações
está disponível (em pdf) no portal do IBGE na internet e no CD-ROM que
acompanha a publicação, acessível através do link.
O primeiro capítulo do Manual
contém o histórico e a evolução das classificações da vegetação, conceituações,
terminologias, sistemas primários e secundários e a legenda do sistema
fitogeográfico adotada pela equipe de vegetação do IBGE.
Em razão das mudanças de
conceitos e dos conhecimentos acumulados nos últimos 20-25 anos, o capítulo
passou a conter um novo tipo de vegetação: a Floresta Estacional Sempre Verde;
uma nova tipologia na Campinarana (vegetação típica da região do Alto Rio
Negro, na Amazônia): a Campinarana Arbustiva; inclusão, na Savana-Estépica
(Caatinga, terminologia mais tradicional e regionalista da vegetação
característica do Nordeste), da presença ou não de palmeiras; mais um contato
entre tipos de vegetação; novos tipos de Áreas Antrópicas; e uma nova unidade
de mapeamento, as Áreas sem Cobertura Vegetal.
No segundo capítulo são descritos
os tipos de inventário, as técnicas de amostragem, as etapas de um inventário
florestal e a metodologia para levantamento do potencial lenhoso/arbóreo de
formações campestres. Essencial para a quantificação dos estoques de carbono na
vegetação, esse levantamento é importante para avaliação dos impactos do
desmatamento na emissão de gases de efeito estufa e para a valoração de
florestas, no caso de concessões para exploração de madeira.
O capítulo que trata das técnicas
e manejo de coleções botânicas descreve a coleta, herborização, etiquetagem,
processamento e manutenção de amostras vegetais em herbário. Num país com o
tamanho e a diversidade biológica do Brasil, a criação e a manutenção de
herbários são fundamentais para o registro e o estudo da vegetação.
No último capítulo são descritos
os procedimentos para mapeamento, desde a interpretação das imagens até a
elaboração do produto final. O mapeamento, e sua permanente atualização, são
importantes para o manejo e a preservação da biodiversidade, bem como para a
quantificação dos estoques de recursos naturais do país.
Com uma abordagem mais abrangente
que a edição anterior, principalmente no capítulo sistema fitogeográfico, o
novo Manual objetiva dar, aos técnicos e usuários, uma visão histórica e
evolutiva dos estudos de vegetação no Brasil. Visa também a contribuir para a
uniformização dos critérios e da terminologia adotados na classificação. As
técnicas apresentadas ampliam o conhecimento da vegetação brasileira,
subsidiando seu manejo, a preservação da biodiversidade, a valoração e a
quantificação dos estoques de recursos naturais e a avaliação dos impactos que
sua destruição pode causar.
O novo Manual Técnico de
Vegetação Brasileira também pode ser adquirido nas livrarias do IBGE e na loja
virtual do portal do IBGE (http://loja.ibge.gov.br/).
Fonte: IBGE
/ ECODEBATE
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